O TERRITÓRIO
O território no qual se desenvolveu a civilização do Antigo Egito corresponde, em termos tradicionais, à região situada entre a primeira catarata do rio Nilo, em Assuão, e o Delta do Nilo. O Sinai, situado a leste do Delta do Nilo, funcionou como via de acesso ao corredor sírio-palestiniano, designação atribuída à faixa de terra que ligava o Egito à Mesopotâmia. A oeste do Delta, surge o deserto da Líbia (ou deserto ocidental), onde se encontram vários oásis dos quais se destacam o de Siuá, Kharga, Farafra, Dakhla e Bahareia. O deserto da Árabia (ou deserto oriental), estende-se até ao Mar Vermelho. A sul da primeira catarata situava-se a Núbia, cuja cultura e habitantes já era eram vistos como estrangeiros. Em diversos momentos, o Egito ultrapassou a primeira catarata e tomou posse de territórios Núbios, onde obtinha diversas matérias-primas.
O território do Antigo Egito não deve ser por isso confundido com o território da moderna República Árabe do Egito, dado que esta se estende para sul da primeira catarata do Nilo até ao paralelo 22ºN e inclui partes dos deserto da Líbia e do deserto da Arábia, bem como a península do Sinai.
Esta civilização desenvolveu-se graças à existência do rio Nilo, sem o qual o Egito não seria diferente dos desertos que o cercam. Neste sentido, é bem conhecida a frase do historiador grego Heródoto (que visitou o Egito em meados do século V a.C.), segundo a qual o Egito era um dom do Nilo, retomando o historiador uma afirmação anterior de Hecateu de Mileto.
Os dois afluentes principais do rio Nilo são o Nilo Branco (que nasce no Lago Vitória) e o Nilo Azul (oriundo dos planaltos da Etiópia). O Nilo corre de sul para norte, desaguando no Mar Mediterrâneo, com uma extensão aproximada de 6695 quilómetros. Todos os anos as inundações do rio, que se iniciavam no Egito na segunda metade de Julho e terminavam em meados de Outubro, depositavam nas margens uma terra negra que fertilizava o solo e que permitiu a prática da agricultura (actualmente o fenómeno das inundações do Nilo já não existe no Egito graças à construção da barragem de Assuão). Os Egípcios dependiam portanto deste rio e das inundações para a sua sobrevivência. Para além disso, o Nilo era a principal via de transporte, quer de pessoas, quer de materiais. Apesar da dependência do Nilo, o Antigo Egito não deve ser considerado apenas um dom de condições geográficas especiais, como afirmou Heródoto, que talvez quisesse, com esta afirmação, explicar por que o Egito já era uma grande civilização enquanto os gregos ainda viviam em aldeias isoladas. O ponto fundamental é que o Antigo Egito também só existiu graças ao seu sistema de governo centralizado, que organizava a enorme mão-de-obra constituída pela massa de camponeses, e ao engenho de seus construtores, que, desde épocas remotas, edificaram barragens e canais de irrigação para tirar o máximo proveito das águas do Nilo.
O ALTO E O BAIXO EGITO
No Antigo Egito distinguiam-se duas grandes regiões: o Alto Egito e o Baixo Egito.
O Alto Egito (Ta-chemau) era a estreita faixa de terra com cerca de 900 quilómetros de extensão que tradicionalmente começava em Assuão e terminava na antiga cidade Mênfis (perto da moderna Cairo).
O Baixo Egito (Ta-mehu) correspondia à região do Delta, a norte de Mênfis, onde o Nilo se dividia em vários braços. Território plano favorável à caça e à pesca, foi aqui onde mais se fizeram sentir os contactos com o estrangeiro, sobretudo nos últimos séculos da história do Antigo Egito. Por vezes também se distingue na geografia egípcia uma região conhecida como o Médio Egito, que é o território a norte de Qena até à região do Faium.
NOMES DO EGITO
Os antigos Egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra. O mais comum era Kemet, "a Terra Negra", que se aplicava especificamente ao território nas margens do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo rio todos os anos. Decheret, "a Terra Vermelha", referia-se aos desertos com as suas areias escaldantes, onde os Egípcios só penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem as pedras preciosas. Também poderiam chamá-la Taui ( "as Duas Terras", ou seja, o Alto e o Baixo Egito), Ta-meri ("Terra Amada") ou Ta-netjeru ("A Terra dos Deuses"). Na Bíblia o Egito é denominado Misraim. A actual palavra Egito deriva do grego Aigyptos (pronunciado Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Hetkaptah, "a mansão da alma de Ptah". Os habitantes actuais do Egito dão o nome Misr ao seu país.
OS EGÍPCIOS
Os Antigos Egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se fixaram no Egito ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra e da área semítica.
A questão relativa à "raça" dos antigos Egípcios é por vezes geradora de controvérsia, embora à luz dos últimos conhecimentos da ciência falar de raças humanas revela-se um anacronismo. Até meados do século XX, por influência de uma visão eurocêntrica, considerava-se os antigos Egípcios praticamente como brancos; a partir dos anos 50 do século XX as teorias do "afro-centrismo", segundo as quais os Egípcios eram negros, afirmaram-se em alguns círculos. Importa também referir que as representações artísticas são frequentemente idealizações que não permitem retirar conclusões neste domínio.
Os Egípcios tinham consciência da sua alteridade: nas representações artísticas dos túmulos os habitantes do vale do Nilo surgem com roupas de linho branco, enquanto que os seus vizinhos líbios e semitas com roupas de lã.
A língua dos Egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-asiáticas (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à descoberta e decifração da Pedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego) e em três escritas (caracteres hieroglíficos, escrita demótica e alfabeto grego). Em 1822 o francês Jean-François Champollion decifrou a escrita hieroglífica e a demótica que se encontravam na pedra, permitindo assim o acesso aos textos do Antigo Egito e o começo da Egitologia.
O número de habitantes do Antigo Egito oscilou segundo as épocas. Durante o período pré-dinástico (4500-3000 a.C.) a população rondaria os centenas de milhares; durante o Império Antigo (século XVII a XII a.C.) situar-se-ia nos dois milhões, atingindo os quatro milhões por altura do Império Novo. Quando o Egito se tornou uma província romana a população deveria ser cerca de sete milhões. Esta população habitava nas terras agrícolas situadas nas margens do Nilo, sendo escassas as populações que viviam no deserto. Ao contrário das civilizações da Mesopotâmia, o Antigo Egito não desenvolveu uma importante rede urbana.
PERÍODOS E CRONOLOGIA
A história do Antigo Egito foi dividida pelos investigadores nos seguintes períodos:
Época pré-dinástica e proto-dinástico (c. 4500-3000 a.C.);
Época Tinita ou Época Arcaica (3000-2660 a.C.): I e II dinastias
Império Antigo (2660-2180 a.C): III a VI dinastias
Primeiro Período Intermediário (2180-2040 a.C.): VII a XI dinastias
Império Médio (2040-1780 a.C.): XI e XII dinastias
Segundo Período Intermediário (1780 a 1560 a.C.): XIII a XVII dinastias
Império Novo (1560-1070 a.C.): XVIII a XX dinastias
Terceiro Período Intermediário (1070-664 a.C.): XXI a XXV dinastias
Época Baixa (664-332 a.C.): XXVI a XXX dinastias
Época greco-romana
Período ptolemaico (332-30 a.C.)
Domínio romano (30 a.C.-359 d.C.)
PRIMÓRDIOS
Em tempos recuados o Egito foi uma savana. Quando se inicia o Neolítico, por volta de 6000 a.C., o território já tinha adquirido as características áridas que o caracterizam actualmente. As principais culturais do Neolítico no Egito estão documentadas no Faium e em El-Omari (norte) e em Tasa e Mostagueda (sul).
O período pré-dinástico (período anterior às dinastias históricas) vê nascer no Alto Egito três culturas: a badariense, a amratiense e gerzeense. Esta última civilização acabará por se estender a todo o Egito. Nesta época produzem-se instrumentos de cobre e pedra, assim como uma cerâmica vermelha decorada com motivos geométricos e animais estilizados.
Teria sido Narmer, um rei do Alto Egito, quem unificou as duas regiões por volta de 3100 a.C. Uma placa de xisto, conhecida como a Paleta de Narmer, comemora este evento. Um dos lados desta placa mostra Narmer usando a coroa do Alto Egito (a coroa branca), enquanto que o outro lado mostra-o com a coroa do Baixo Egito (a coroa vermelha) num cortejo triunfal. Narmer é identificado por alguns egiptólogos com Menés, nome pelo qual é designado o primeiro rei do Egito na lista de Maneton.
ÉPOCA TINITA
A Época Tinita corresponde às duas primeiras dinastias egípcias. De acordo com a informação transmitida por Maneton, o Papiro Real de Turim e a Lista Real de Abido o primeiro rei do Egito unificado foi Menés, que alguns egiptólogos identificam com Narmer e outros com Aha.
Segundo Maneton estas dinastias tiveram como capital a cidade de Tis, cuja localização é até hoje desconhecida, embora se saiba que estaria no Alto Egito. Porém, como revela a investigação, a capital do Egito teria sido movida a certa altura para Mênfis.
Durante a I dinastia assistiu-se ao desenvolvimento da escrita hieroglífica. Os soberanos da Época Tinita dinastias lançaram as bases para a futura grandeza do Egito, combatendo os Núbios (a sul), os Líbios (a oeste) e os Beduínos (a leste), populações que tinham como principal objectivo fixar-se no Egito.
As manifestações artísticas deste período revelam já uma grande perfeição e o culto dos mortos e a mumificação já eram praticados. O culto da maior parte das divindades egípcias também se encontrado atestado.
IMPÉRIO ANTIGO E PRIMEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO
Este período iniciou-se com a III dinastia, existindo algumas dúvidas quanto a quem terá sido o seu primeiro rei, se Sanakht ou Djoser (este último terá sido filho ou irmão do último rei da II dinastia).
A III dinastia manteve a capital em Mênfis, cidade que se transformou num grande centro económico e cultural.
O rei Djoser apoiou-se na sua acção governativa no vizir (uma espécie de "primeiro-ministro") Imhotep. Para além de vizir, Imhotep foi também arquitecto e muito mais tarde foi transformado em deus, considerado filho da divindade Ptah. Foi ele quem projectou a construção da denominada "pirâmide em degraus" em Sakara (embora do ponto de vista geométrico não se trata de uma pirâmide), necrópole na qual se situam a maioria dos túmulos reais do Império Antigo. Esta "pirâmide", com 61 metros e que resultou da sobreposição de seis mastabas, seria o primeiro passo na evolução de uma arquitectura cada vez mais grandiosa que atinge o seu apogeu durante a IV dinastia, com as Pirâmides de Guiza. Estava integrada num conjunto mais amplo, um santuário onde os sacerdotes realizavam os ritos funerários para o rei defunto.
A IV dinastia teve em Seneferu o seu primeiro rei que conduziu campanhas militares contra os habituais inimigos dos egípcios (Núbios, Líbios e Beduínos). Destas lutas resultou o domínio do Egito sobre a Baixa Núbia. O segundo rei desta dinastia, Khufu, (Quéops) ordenou a construção da maior das três pirâmides de Guiza (Gizé), que possui cerca de 2,3 milhões de blocos de pedras e 146, 5 metros de altura (actualmente possui apenas 139 metros de altura). A construção das pirâmides encontrava-se dependente de um clima de paz e estabilidade. Ao contrário de uma ideia feita, que já se encontrava presente nos autores da Antiguidade, estas pirâmides não foram construídas por escravos, mas por trabalhadores desocupados durante o período de cheias do Nilo. Segundo as concepções da época, o rei era um intermediário entre os deuses e os seres humanos; assim participar na construção das pirâmides que abrigariam o corpo do rei era considerado como um acto de piedosa religiosa.
Na V dinastia ocorre a afirmação do clero de Heliópolis, cidade próxima de Mênfis, passando os reis a considerarem-se filhos do deus Ré. Este deus adquiriu grande importância e para ele foram construídos estruturas arquitectónicas conhecidas como templos solares, dos quais apenas foram descobertos dois, o de Userkaf e de Niuserré.
A VI dinastia, composta por sete soberanos (entre os quais possivelmente a primeira mulher a comandar o Egito, Nitócris) é geralmente considerada a última dinastia do Império Antigo. Durante a parte final da dinastia, e particularmente durante o longo reinado de Pepi II (que teria durado 94 anos), assiste-se a uma decadência do poder real. Os administradores das províncias, os nomarcas, tinham-se tornado bastante poderosos e independentes do poder central.
O Primeiro Período Intermediário assistiu à afirmação de duas dinastias rivais, a de Heracleópolis Magna (Baixo Egito) e a de Tebas (Alto Egito). As mudanças climáticas a que o território foi sujeito neste período, que tornaram o clima mais seco, provocaram fracas colheitas e a fome.
IMPÉRIO MÉDIO
Mentuhotep II, rei de Tebas, conseguiu reunificar o Egito, fixando a capital em Tebas. Amenemhat I (ou Amenemés), inicia a XII dinastia, transladando a capital para Iti-taui (nome que significa "aquela que conquista o duplo país"), a sul de Mênfis. Constrói também fortalezas no delta e na região a oeste cujo objectivo era evitar os ataques estrangeiros. Progressivamente, os nomarcas perderam a sua autonomia local e submetera-se ao poder dos reis.
O sucessor de Amenemhat I, Senuseret I (Sesóstris), associado ao trono ainda durante a vida do seu pai, teve como preocupação assegurar o controlo das minas da Núbia. Amenemhat III, sexto rei da XII dinastia, ordenou a realização de grandes trabalhos na área do oásis do Faium, que se tornaria um importante centro agrícola. Em Hawara, perto deste óasis, Amenemhat mandou construir um grande templo funerário, que Heródoto considerava mais belo que as grandes pirâmides e que está hoje perdido devido à sua destruição. O último soberano desta dinastia foi uma mulher, Sebekneferu, a primeira mulher cujo governo do Egito é atestado com segurança.
O Egito do Império Médio manteve relações diplomáticas com Fenícia e com Creta, tendo também realizado expedições comerciais ao Punt.
A XIII dinastia, com dezassete faraós - o que revela uma certa instabilidade política - assistiu à tomada das fortalezas do sul do Nilo pela Núbia. Por volta de 1800 a.C. povos do Médio Oriente fixam-se na região oriental do Delta. Em consequência desta invasão os soberanos egípcios deixam o delta, a caminho do sul do país.
SEGUNDO PERÍODO INTERMEDIÁRIO
Os egípcios referiam-se aos povos semitas que se fixaram no delta como Heka-khasut, "chefes de terras estrangeiras". Estes povos são conhecidos pelo seu nome grego, Hicsos. Os Hicsos eram povos oriundos da região da Síria que progressivamente usurparam o poder, tomando o título de faraós. Dominaram o Egito a partir da sua capital, Aváris, no nordeste do delta. A XV e XVI dinastias da história do Antigo Egito foram constituídas por Hicsos.
Os Hicsos introduziram elementos novos na civilização egípcia como o cavalo, os carros de guerra, novos métodos de fiação e tecelagem e novos instrumentos musicais.
A XVII dinastia, sediada em Tebas, era uma dinastia nacional, contemporânea à dos Hicsos. Se de início se tornam vassalos dos Hicsos, aos poucos começam a expulsá-los.
IMPÉRIO NOVO
Ahmés (ou Amósis), primeiro rei da XVIII dinastia, conclui a tarefa de expulsão dos Hicsos, dando início ao Império Novo. A reunificação do país foi realizada a partir da cidade de Tebas, que seria a capital do Egito durante a maior parte deste período. Ahmés esforçou-se por melhorar a economia, tendo as fronteiras do país sido alargadas para oeste e para o sul. Este rei iniciou uma política expansionista e militarista que seria continuada pelos seus sucessores. Durante a XVIII Dinastia o Antigo Egito controlaria territórios que compreendem o que é hoje o Sudão, bem como a região da Palestina e da Síria, até ao rio Eufrates.
Tutmés III, quinto rei desta dinastia, foi talvez o melhor representante desta tendência imperalista, com as suas dezassete campanhas militares na região da Síria-Palestina. Hatchepsut, a sua madrasta, tinha governado o Egito na sua menoridade. Hatchepsut tinha sido esposa e meia-irmã de Tutmés II, pai de Tutmés III. De início a rainha opta por governar na qualidade de representante de Tutmés III, mas em poucos anos decide adoptar títulos reservados aos faraós (como "Senhora dos Dois Países"), mandando erguer dois obeliscos em Karnak (acto reservado aos faraós). Para legitimar o seu governo, Hatchepsut apresentou-se como filha de Amon, deus que se teria unido à sua mãe. Foram duas década marcadas em geral pela paz, com o envio de uma expedição ao Punt. Após a morte de Hatchepsut, Tutmés III dedicou-se a apagar as inscrições que continham o nome da madrasta. Foi sucedido pelo seu filho Amen-hotep II, que foi por sua vez sucedido por Tutmés IV. Amen-hotep III governou durante quarenta anos, numa era que seria marcada pela paz, prosperidade e pelo florescer das artes.
O seu filho, Amen-hotep IV, inicia uma revolução religiosa encaminhada no sentido do "monoteísmo", na qual o culto deveria ser reservado a Aton, o disco solar. Este faraó, cuja esposa foi a famosa Nefertiti, alterou o seu nome para Akhenaton ("O Esplendor de Aton") e abandonando Tebas, fixa-se numa nova capital mandada por si edificar, Akhetaton ("Horizonte de Áton"), a actual Amarna (por esta razão este conturbado período é designado como o "período de Amarna"). Os sucessores de Akhenaton, entre os quais o "faraó-menino" Tutankhamon, conhecido pelos tesouros do seu túmulo, abandonaram estas concepções religiosas, retornando às antigas.
Ramsés II, terceiro rei da XIX dinastia, entrou em guerra com os Hititas da Ásia Menor por causa do controlo da Síria. Na Batalha de Kadesh nenhuma das partes se consagrou vencedora, apesar das fontes egípcias apresentarem o episódio como uma vitória do país. O conflito foi terminado com um tratado de paz, o primeiro de que há conhecimento na história da humanidade. Os Egípcios e os Hititas dividem o controlo daquela região e Ramsés casa com uma das filhas do rei hitita. Foi também Ramsés II que ordenou a construção dos templos de Abu Simbel. Para aproximar-se de seus inimigos e dos territórios que pretendia dominar, Ramsés II mandou construir uma nova capital, perto do delta do Nilo. Esta magnífica cidade, a que Ramsés deu o nome de Pi-Ramsés, tinha uma incrível estrutura militar, com um grande quartel-general que abrigava, inclusive, cavalos para a guerra e um complexo industrial bélico que produzia todo o tipo de armas e também carros de batalha. Ramsés II também dispunha de uma rede de fortalezas e um exército profissional bem pago. Ramsés III, da XX dinastia, teve de combater a invasão dos Povos do Mar e dos Líbios, que conduziram o Egito a um novo período de decadência. Os últimos reis da XX dinastia tiveram um papel apagado.
TERCEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO E ÉPOCA BAIXA
Durante o Terceiro Período Intermediário o Egito é dominado por algumas dinastias de origem estrangeira. A partir da cidade de Tânis a XXI dinastia governou apenas o Delta, enquanto que no sul existia uma dinastia paralela composta pelos sumo sacerdotes de Amon. Os membros da XXII e XXIII dinastias são de origem Líbia, embora já tivessem adoptado a cultura egípcia. No século VIII a.C., a região da Alta Núbia, o Kush, conquista o Egito, onde instala um dinastia, a XXV.
Os Assírios acabariam por derrotar a dinastia núbia, impondo como rei Psametek I (primeiro soberano da XXVI dinastia), um princípe da cidade de Sais, no Delta. Contudo, Psametek acabará por se rebelar contra os Assírios, tendo reunificado o país. O últimor rei da XXVI dinastia, Psametek III, seria derrotado pelos Persas de Cambises II que ocupam o Egito a partir de 525 a.C. e constituem a XXVII dinastia.
ÉPOCA GRECO ROMANA
Em 404 a.C. os Egípcios conseguiram reconquistar o poder, mas os Persas tomam de novo o país em 343 a.C.. Em 332 a.C. Alexandre Magno conquista o Egito; quando morre, em 323 a.C., Ptolemeu, um dos seus generais, torna-se governador e em 305 a.C. rei. Ptolemeu, de origem macedónia, dá origem à dinastia dos Lágidas que governa o Egito nos próximos três séculos. A última representante desta dinastia foi a famosa rainha Cleópatra VII, derrotada em 31 a.C. pelos Romanos na Batalha de Ácio. Em 30 a.C. o Egito transformou-se numa província de Roma, administrada por um prefeito de origem equestre. Enquanto província, o Egito teve uma importância fundamental para Roma, pois era do seu território que vinha o cereal do império.
A SOCIEDADE
A sociedade do Antigo Egito apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada. Em termos gerais podem distinguir-se três níveis com uma importância decrescente: o nível composto pelo faraó, nobres e altos funcionários; o nível constituído por outros funcionários, por escribas, altos sacerdotes e generais; e por último, o nível composto pelos agricultores, artesãos e sacerdotes, onde se enquadrava a larga maioria da população.
No período mais antigo da história egípcia os altos cargos da administração permaneciam dentro da família real. Apenas mais tarde é que os cargos passaram para uma elite e tornaram-se hereditários. A possibilidade de ascender a um cargo em função de mérito também existiu. A hereditariedade nas ocupações era característica do Antigo Egito: esperava-se que um filho seguisse a profissão do pai.
Apesar de ser praticamente igual ao homem do ponto de vista legal, a mulher no Antigo Egito estava relegada a uma posição secundária. Os seus papéis principais eram os de esposa, mãe ou amante. Encontraram-se em geral excluídas dos cargos de administração e do governo, com excepção de algumas rainhas que governaram o Egito como último recurso (enquanto regentes na menoridade do faraó ou em casos em que o faraó não teve filhos do sexo masculino).
Uma importante esfera de acção da mulher era a religiosa. Durante a Época Baixa o cargo de adoradora divina de Amon em Tebas implicou uma certa dose de poder e riqueza; porém, as mulheres que ocuparam este cargo foram em geral filhas ou esposas do faraó.
O casamento era monogâmico e não era sancionado pela religião. Não existia uma cerimónia de casamento, nem um registro deste. Aparentemente bastava um casal afirmar que queria coabitar para que a união fosse aceite. Os homens casavam por volta dos dezesseis, dezoito anos e as mulheres por volta dos doze, catorze anos. A infidelidade feminina era mal vista e poderia ser motivo de divórcio. Os homem com uma posição económica mais elevada poderia ter, para além da esposa legítima (nebet-per, "a senhora da casa"), várias concubinas, o que era visto como um sinal de riqueza. A harmonia familiar era bastante valorizada pelos Egípcios: vários textos da literatura sapiencial recomendam o homem a tratar bem a sua esposa e a ter vários filhos.
Na corte faráonica existiram casos de bigamia e de poligamia, onde o rei, para além da esposa principal, mantinha várias esposas secundárias e amantes. Um dos casos mais conhecidos foi o de Ramsés II, que para além de ter tido como esposa principal Nefertari, teve outras mulheres; destas uniões teriam mesmo resultado 150 filhos.
Homens e mulheres usavam adornos, como pulseiras, anéis e brincos. Estes adornos continham pedras preciosas e frequentemente amuletos, dado que os Egípcios eram um povo supersticioso, que acreditava por exemplo na existência de dias nefastos. Os dois sexos usavam também maquilhagem, que não cumpria apenas funções estéticas, mas também higiénicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquite) e negra. Óleos e cremes eram aplicados sobre o cabelo e a pele como forma de hidratação num clima seco e quente. Alguns egípcios rapavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam perucas.
A escravatura não teve no Antigo Egito a dimensão que alcançou em outras civilizações da Antiguidade, como na Grécia ou em Roma. Foi bastante expressiva no Império Novo, em resultado das campanhas militares egípcias na Ásia, das quais resultaram muitos prisioneiros. Os escravos poderiam trabalhar no exército, no palácio real e nos templos. As suas condições de vida não eram muito diferentes das dos trabalhadores livres; podiam arrendar terras e casar com mulheres livres. Um escravo poderia ser libertado a qualquer momento, bastando para tal uma declaração do dono perante testemunhas.
O GOVERNO
O topo da pirâmide política e social do Antigo Egito era ocupado pelo rei ou faraó. O rei vivo era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto que o rei morto que o tinha antecedido era associado a Osíris, pai de Hórus, independentemente de existir uma relação familiar entre soberanos. De uma maneira geral não se desenvolveu um culto em torno da pessoa do rei, com excepção de alguns monarcas do Império Novo. A partir da V dinastia os reis apresentam-se também como filhos de Ré, o deus solar. Durante o Primeiro Período Intermediário a imagem divina do rei enfraqueceu-se, tendo a mesma sido restaurada a partir da XII dinastia para atingir o seu apogeu na XVIII dinastia.
Em teoria o rei era dono de tudo, inclusive dos seus súbditos. Era o comandante supremo do exército, funcionado também como a máxima autoridade judicial: os Egípcios poderiam recorrer de uma decisão judicial ao rei. Era igualmente o sumo-sacerdote do Egito, o elo entre os homens e os deuses. Como não era fisicamente possível ao rei estar presentar em todos os templos egípcios para celebrar os cultos, este delegava o seu poder religioso aos sacerdotes que conduziam as cerimónias em seu nome.
Embora existissem estas concepções "absolutistas" da figura do rei, este convivia com limitações ao seu poder, oriundas de conselheiros, funcionários, dos nobres, das famílias ricas, do clero e dos soldados, meios nos quais se teciam as intrigas políticas que poderiam conduzir ao assassinato de um rei e ao início de uma nova dinastia.
Para além do seu nome de nascimento, os reis egípcios tinham outros nomes. A partir da V dinastia a titulatura do reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas Senhoras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome; estes dois últimos nomes eram inscritos no interior de uma cartela.
Os reis do Antigo Egito são habitualmente denominados como "faraós", mas esta palavra, que deriva de per-aá, não foi a mais usada no Egito para se referir ao monarca; os Egípcios usavam termos como nesu (rei) ou neb (senhor). O termo per aá, que significa "grande morada", aplicava-se de início ao palácio real; só a partir da XVIII dinastia é que o termo foi também usado para se referir à pessoa do rei e em larga medida por influência dos povos estrangeiros.
A rainha era denominada hemet nesut, "esposa do rei"; tinha em geral uma origem real, sendo por vezes irmã do rei, mas filha de outra mãe. Durante a época do Império Novo algumas rainhas consortes desempenharam um importante papel político junto dos esposos, como Ahmés-Nefertari, Tié ou Nefertiti. Habitualmente o filho mais velho da rainha principal sucedia ao pai.
O rei era detentor de uma estética própria, resultado do uso de certas roupas e de determinadas insígnias que lhe estavam reservadas. No queixo colocava uma barba postiça, delgada e rectangular (que a própria Hatchepsut, apesar de ser uma mulher, apresenta em algumas representações artísticas) e na cabeça usava um pano, o "nemes", à frente do qual encontrava-se uma serpente denominada uraeus que se acreditava poder repelir os seus inimigos. O soberano possuía várias coroas, vistas como objectos detentores de uma energia própria, sendo as mais importantes a coroa branca do Alto Egito (hedjet) e a coroa vermelha do Baixo Egito (decheret), que combinadas formavam o pschent ou coroa dupla. Para além das coroas, existiam os ceptros, dos quais se destacam o hekat (uma espécie de báculo) e o nekhakha (um látego). O faraó poderia ser simbolicamente representado como uma esfinge, e era associado a animais como a pantera, o leão e o boi.
A figura política mais importante ao seguir ao rei era o tjati, cargo habitualmente traduzido como "vizir", o que constitui um erro, visto que os vizires só surgem muito mais tarde e entre as dinastias islâmicas. O detentor do cargo, que surgiu a partir da IV dinastia, possuía poderes judiciais, supervisionava os grandes projectos de construção e aconselhava o rei. Em alguns períodos da história egípcia existiram dois tjati, um para o Alto Egito e outro para o Baixo Egito. O tjati era tido em grande consideração pela população, que se referia a ele como o "amigo do Egito".
O Antigo Egito dividia-se em nomos ou províncias (em egípcio, sepat). Durante a maior parte da história egípcia existiram 42 nomos, 20 no Baixo Egito e 22 no Alto Egito. À frente de cada nomo encontrava-se um governador (nomarca), cargo de início obtido por nomeação para passar a ser hereditário. Estes governadores, que em determinados períodos da história egípcia governavam um estado dentro do estado, cumprem as ordens do rei, conduzem os trabalhos públicos e aplicam a justiça.
A ECONOMIA
A economia do Antigo Egito assentava na agricultura. Em teoria todas as terras pertenciam ao rei, mas a propriedade privada foi uma realidade. Os documentos revelam que a partir da IV dinastia afirmou-se uma tendência para a privatização do solo, resultado de doações de terras por parte do rei aos funcionários ou da aquisição desta por parte dos mesmos. Por altura da V dinastia os templos possuíam também grandes propriedades.
Quando terminavam as inundações do Nilo surgiam nas aldeias egípcias uma equipa de funcionários que marcava as bordas das terras que poderiam a partir de então ser cultivadas pelos camponeses. A plantação decorria no mês de Outubro, sendo as sementes fornecidas aos agricultores pelo palácio real. As culturas mais importantes eram o trigo (tipo emmer) e cevada, que permitiam fazer o pão e a cerveja, alimentos que eram a base da alimentação egípcia.
Os agricultores lavravam a terra com um arado puxado por bois, abriam canais e levantavam diques. A época das colheitas ocorria em Abril, altura em que as espigas eram levadas para a eira, onde as patas dos bois as debulhavam. Uma vez separados os grãos da palha, estes eram colocados em sacas que eram enviadas para os celeiros reais. Estes celeiros armanezavam as colheitas que eram distribuídas pelos funcionários e pela população em geral.
A população que não trabalhava nos campos dedicava-se a várias tarefas como a produção de pão e mel, a fabricação de cerveja, a olaria e a tecelagem. A pesca era praticada ao anzol ou com rede.
O subsolo do Antigo Egito era rico em materiais de construção, bem como em pedras preciosas. Entre os primeiros destacavam-se os granitos cor de rosa das pedreiras do Assuão, o alabastro das proximidades de Amarna, o pórfiro e os basaltos. As pedras preciosas eram extraídas do Sinai (turquesa e malaquite) e dos desertos do leste e do oeste (quartzo, feldspato verde, ametista e ágata).
Desde a época do Império Antigo que o Egito tinha contactos comerciais com a região siro-palestinense (Biblos), de onde vinha a madeira, escassa e necessária no Egito para fabricar o mobiliário e caixões. Da Núbia o Egito exportava o ébano, as plumas de avestruz, as peles de leopardo, incenso, marfim e sobretudo o ouro. Todo o comércio estava baseado na permuta de bens, já que a moeda só surgiu muito mais tarde, na Lídia do século VIII ou VII a.C.
Também produzia: linho, papiro e legumes.
A RELIGIÃO
Não existiu propriamente uma religião entre os Egípcios, no sentido contemporâneo da palavra (a própria palavra "religião" não existia na língua egípcia).
A religião egípcia é tradicionalmente classificada como uma religião politeísta, conhecendo-se mais de duas mil divindades. Tratava-se de uma religião nacional, sem aspirações universais, que não era detentora de uma escritura sagrada. O mais importante na religiosidade egípcia não eram as crenças, mas o culto às divindades; assim, a religião egípcia preocupava-se mais com a ortopraxia do que com a ortodoxia. Alguns deuses eram adorados localmente, enquanto que outros assumiam um carácter nacional, sobretudo quando estava associados com determinada dinastia.
Os deuses eram ordenados e hierarquizados em grupos. O agrupamento básico era em três deuses, em geral um casal e o seu filho ou filha (tríade). Assim, por exemplo, a tríade da cidade de Tebas era composta por Amon, Mut e Khonsu. Os agrupamentos de divindades mais importantes foram a Enéade de Heliópolis e a Ogdóade de Hermópolis, que eram acompanhados por um relato sobre a criação do mundo.
As representações dos deuses poderiam ser antropomórficas (forma humana), zoomórficas (forma de animal) ou uma combinação de ambas. Contudo, os Egípcios em momento algum acreditaram, por exemplo, que o deus Hórus, muitas vezes representado com um homem com cabeça de falção, tivesse de facto aquele aspecto. A associação dos deuses com determinados animais relacionava-se com a atribuição ao deus de uma característica desse animal (no caso de Hórus a rapidez do falcão).
Os templos no Antigo Egito eram a morada da divindade na terra. Ao contrário dos templos religiosos de hoje em dia, eles não eram acessíveis às pessoas comuns: apenas poderiam penetrar nas suas regiões mais sagradas, o faraó e os sacerdotes. Cada templo era dedicado a uma divindade e dentro dele achava-se a estátua dessa divindade guardada no naos; diariamente a estátua era lavada, perfumada, maquilhada e alimentada pelos sacerdotes. Em determinadas alturas do ano, a estátua saía do templo numa procissão, à qual a população assistia; durante o percurso actuavam músicos e cantores.
Os Egípcios acreditaram numa vida para além da morte. Em princípio esta vida estava apenas acessível ao rei, mas após o Primeiro Período Intermediário esta concepção alargou-se a toda a população. Para aceder a esta vida era essencial que o corpo do defunto fosse preservado, razão pela qual se praticou a mumificação.
Segundo crenças egípcias, para se conseguir a vida eterna, o morto deveria mostrar que não tinha pecados. Então, seu coração era colocado numa balança, tendo de se equilibrar com a "pena da verdade". Caso tivesse sucesso, o morto seria julgado puro. Caso não, seria levado à destruição eterna.
A CIÊNCIA
Não se pode falar em ciência no Antigo Egito (e em geral na Antiguidade) tendo como referência o conceito actual. O conhecimento entre os antigos Egípcios estava associado aos escribas, às classes sacerdotais e aos templos. Numa parte destes encontravam-se as "Casas de Vida" (Per Ankh), nome dado a uma área do templo que funcionava como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam os textos de carácter médico, astronómico e matemático. Tendo em vista que a religião era um dos pontos no qual assentava a civilização do Antigo Egito, a sua influência estende-se e mistura-se com a esfera do saber, que não surgia como autónoma.
A medicina foi a disciplina que mais se desenvolveu entre os egípcios, sendo famosa na Antiguidade, em particular entre os Gregos. A classe médica dividia-se entre médicos do povo e médicos reais; alguns médicos trabalhavam como clínicos gerais, enquanto que outros eram especialistas em determinada área. As escolas médicas mais famosas eram as das cidades de Heliópolis e a de Sais. Os remédios eram compostos por vários elementos, na maioria oriundos do reino vegetal, mas recorria-se também a elementos que do ponto de vista contemporâneo parecem estranhos, como os excrementos dos animais, o sangue de lagarto, dente de porco ou pó de natrão. Eram aplicados sob a forma de poção, pílula ou em cataplasma.
No campo das matemáticas, os egípcios utilizavam um sistema de cálculo baseado na mão (cinco dedos). A partir daqui vinham as dezenas, dando origem à numeração decimal que se tornaria a base da aritmética egípcia. Calcularam a superfície dos rectângulos e o volume da esfera, dando a pi o valor de 3,16. Conhece-se hoje em dia esta matemática graças ao Papiro Rhind e ao Papiro de Moscovo.
A LITERATURA
De uma forma geral, as obras literárias do Antigo Egito eram anónimas; a literatura do Antigo Egito inclui textos de carácter religioso (como os hinos às divindades), mas igualmente obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia amorosa.
Datam da época do Império Antigo os primeiros textos de literatura sapiencial, um género que consistia numa reflexão dos "sábios" (vizires, escribas) sobre a vida, pretendendo transmitir determinados ensinamentos e apelando à prática de certas virtudes (moderação, justiça, o respeito aos pais...); deste género destaca-se o Ensinamento de Ptah-hotep, que em trinta e seis máximas expõe as reflexões do seu autor (um vizir) sobre as relações humanas.
Do Primeiro Período Intermediário salienta-se a Profecia de Ipuver, onde autor aborda a decadência política e moral do Egito durante esta era.
Do Império Médio destacam-se os contos, como as Aventuras de Sinué e o Conto do Náufrago. A primeira obra foi provavelmente o texto literário mais popular entre os egípcios, tendo em conta a grande quantidade de cópias do texto que se conhecem. Relata as aventuras do herói homónimo que foge do Egito para a região da Síria-Palestina antes de regressar ao seu país, onde é acolhido na corte de Senuseret III. Para alguns investigadores algumas destas histórias de aventuras podem ter influenciado a literatura árabe, em concreto os relatos sobre as aventuras do marinheiro Sinbad.
Durante o Império Novo surge a poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo presente nos textos do Papiro Cester Beatty I, do Papiro Harris 500 e num fragmento do Papiro de Turim. Akhenaton cultiva a literatura religiosa, com hinos dedicados a Aton. Prossegue a tradição da literatura sapiencial, com o Ensinamento de Anii e o Ensinamento de Amenemope.
O estudo da literatura do Antigo Egipto é relativamente recente quando comparado ao estudo da literatura produzida na Grécia Antiga e em Roma. Esta situação deve-se ao facto de que o conhecimento da antiga língua dos Egípcios só ter sido alcançado em 1822, quando Jean-François Champollion decifrou os hieróglifos egípcios.
A literatura produzida pelos egípcios foi fixada em várias materiais, como ostracas (pequenos pedaços de pedra) e em papiro. Frequentemente os textos literários que se conhecem hoje em dia resultam da junção de vários excertos que se encontravam dispersos. Os investigadores têm a este respeito dificuldades, que são agravadas quando algumas passagens são de difícil interpretação.
De uma forma geral, as obras eram anónimas, excepto as que pretendiam transmitir algum tipo de ensinamento; neste último caso estavam associadas ao nome de alguma personalidade, como um escriba, vizir ou até mesmo faraó, não sendo possível determinar a autenticidade do alegado autor. O anonimato talvez possa ser explicado em parte devido à existência de uma forte tradição oral; assim, quando alguém fixava uma história por escrito, esse alguém estaria a fixar algo que já fazia parte do património comum, por ter sido passado de geração em geração.
A ideia de géneros literários claramente definidos (romance, conto, poesia...) é por vezes de difícil aplicação, pois um mesmo texto pode misturar vários elementos. É possível encontrar uma narrativa na qual a dado momento uma personagem realiza um hino a um deus, orientando o discurso do campo descritivo para o poético.
LITERATURA - IMPÉRIO ANTIGO - A literatura desta época está sobretudo ao serviço da religião. Nos chamados Textos das Pirâmides, que são um conjunto de orações, hinos e feitiços gravados nas paredes das pirâmides de Sakara a partir do último rei V Dinastia (Unas) e dos reis da VI Dinastia, acham-se textos de elevado valor literário. Estes textos visavam ajudar os reis no seu percurso da morte até ao Além, onde se juntariam aos deuses.
Nos hinos dos Textos das Pirâmides, os autores recorrem à técnica do paralelismo, característica da poesia do Médio Oriente Antigo e que consistia em retomar a ideia de um verso no seguinte sob a forma de sinónimo, ou de antítese ou ainda sob a forma progressiva. Um dos hinos mais conhecidos é o "Hino Caníbal", assim chamado pelo facto de descrever o rei a devorar as pessoas que encontra pela sua frente, de modo a poder alcançar a força suficiente que lhe permitiria entrar na morada dos deuses.
Os primeiros exemplos de literatura sapiencial surgem nesta época, sendo o mais antigo o Ensinamento de Kagemni, datado do século XXVIII a.C. (III Dinastia). O Ensinamento de Ptahotep, cujo autor se apresenta como vizir do rei Djedkaré Isesi da V Dinastia, é constituído por trinta e seis máximas que discorrem sobre as relações humanas. Nesta obra o autor propõe o cultivo de uma série de virtudes como a moderação, a gentileza, a justiça e o autocontrolo. Outra importante obra da literatura sapiencial é a Instrução de Hardjedef.
Surgem igualmente as biografias, que devem ser entendidas não no sentido contemporâneo da palavra, mas antes como textos que informam sobre o modo de vida de pessoas falecidas cujas virtudes pretendem ser valorizadas. Neste tipo de trabalhos encontra-se a Autobiografia de Herkhuf, um militar e governador do Alto Egipto que serviu os reis Merenré e Pepi II. Esta biografia foi gravada em vinte e oito linhas na fachada do túmulo de Herkhuf em Assuão. A inscrição descreve as quatros expedições do militar à Núbia. Na última expedição Herkhuf trouxe um pigmeu ou anão para o rei Pepi II, então uma criança, que ficou deliciado com o presente, tendo enviado uma carta a Herkhuf, reproduzida na inscrição do túmulo. O texto elogia igualmente os actos de piedade praticados pelo biografado, como o dar de comer ao faminto.
LITERATURA - PRIMEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO - Denomina-se por Primeiro Período Intermediário o período de anarquia que se seguiu à queda do Império Antigo, no qual as guerras civis e a fome tomaram conta do Egipto. A literatura desta época vai por isso reflectir esta realidade política e social.
A obra mais representativa da época é a Profecia de Ipuver, cujo autor terá vivido na parte final da XII dinastia egípcia. Nesta obra Ipuver lamenta a violação das sepulturas, a decadência do poder real, o despovoamento do país, a falta de respeito dos filhos em relação aos pais...
LITERATURA - IMPÉRIO MÉDIO - A literatura religiosa continua durante este período, representada numa série de hinos dedicados aos deuses e aos reis, como o "Hino a Osíris", o "Hino ao Nilo", o "Hino ao rei Senuseret III" e o "Hino à Coroa Vermelha".
Data desta época aquela que é provavelmente a obra mais importante da literatura egípcia, as Aventuras de Sinué.
O Diálogo do Desiludido, obra também conhecida como Disputa consigo mesmo ou Disputa do Homem com o Seu Próprio Ba, enquadra-se naquilo que se denomina como literatura pessimista. O seu protagonista sente-se deprimido face a um mundo que percepciona como moralmente decadente, chegando mesmo a considerar o suicidio.
O Cântico do Harpista, assim denominado em função do texto ser acompanhado por representação em baixo-relevo de um harpista cego num túmulo da época, o túmulo de Intep (ou Antep) (embora o tema do harpista cego seja comum nos túmulos egípcios), apresenta um harpista triste que aconselha a calma e a procura da felicidade nas pequenas coisas da vida diária, antecipando-se a Epicuro em dois mil anos.
LITERATURA - IMPÉRIO NOVO - Nos textos literários desta época nota-se uma maior preocupação com o refinamento estílistico, com narrações e descrições mais detalhadas.
Os anais dos reis passaram ser inscritos em pedra em vez de papiro. Tutmés III mandou inscrever as suas campanhas militares na Síria sobre os muros do templo de Karnak e numa estela (conhecida como Estela Poética).
O género sapiencial continua a ser cultivado, sendo de destacar duas obras: o Ensinamento de Anii e o Ensinamento de Amenemope. O primeiro apresenta uma série de conselhos sobre o casamento e a vida familiar, recomendado a fidelidade entre marido e mulher e o amor entre todos os membros da família. O Ensinamento de Amenemope, cujo autor foi um alto funcionário do rei, é dirigido ao filho do autor, baseando-se este na sua experiência pessoal. O autor recomenda o respeito pelos mais fracos, a rejeição do mal, o evitar de discussões e a generosidade. Os especialistas consideram que esta obra teve influência sobre o livro dos Provérbios da Bíblia.
O rei Akhenaton, protagonista de uma revolução religiosa que fez de Aton (disco solar) o único deus digno de receber culto, foi também um poeta. É famoso o seu Hino a Aton, que apresenta bastantes semelhanças com o Salmo 104 da Bíblia.
A poesia amorosa conheceu um grande desenvolvimento nesta época. Os poemas de amor são hoje conhecidos através de quatro manuscritos. Os principais são o Papiro Chester Beaty I (que se encontra actualmente no British Museum em Londres) e o Papiro Harris 500, sendo também importantes um fragmento do Papiro de Turim e um vaso fragmentado do Museu do Cairo.
LITERATURA - ÉPOCA BAIXA - Até à época de dominação romana, que se inicia em 30 a.C., o núcleo cultural continuará a ser egípcio, apesar das domínio de estrangeiros sobre o Egipto (Persas, Gregos).
Os Ensinamentos de Ankhchechonk, obra escrita em caracteres demóticos, insere-se na tradição da literatura sapiencial. O seu autor, Ankhchechonk, escreve desde a prisão, onde se encontra devido a um mal-entendido que o associa a um golpe contra o rei. A obra é dirigida ao seu filho, a quem dá conselhos sobre boas maneiras, civilidade, moderação e caridade, num total de vinte e cinco ensinamentos. No texto o autor refere-se a Deus como autor da criação, numa descrição que tem sido comparada com o Salmo 19 da Bíblia. Outras obras didáctias desta época são os Ensinamentos do Papiro Insinger e a Sabedoria do Grande Sacerdote Petosíris.
ARTE
A arte do Antigo Egito esteve fundamentalmente ao serviço da religião e da realeza. Esta arte obedeceu a cânones precisos ao longo dos seus três mil anos de existência, sendo desvalorizada a inovação.
Uma das regras mais importantes seguidas pelos artistas era a lei da frontalidade, segundo a qual na figura humana o tronco era representado de frente, enquanto que a cabeça, pernas, pés e olhos de perfil.
Do Império Antigo notabilizaram-se as pirâmides, mas também deve ser realçado o baixo-relevo e a pintura que já na época possuíam um elevado grau de perfeição. O Império Novo corresponde à era mais brilhante da arte, fruto da riqueza do Egito durante este período. São desta época os templos de Karnak e Luxor e os túmulos escavados nas falésias do Vale dos Reis.
Durante o período de Amarna, que corresponde às inovações religiosas de Akhenaton, os artistas rompem com as antigas convenções e aproximam-se de uma arte que almeja o realismo, com representações de afecto entre membros da família real. O próprio Akhenaton é mostrado de uma forma diferente, com o crânio alongado e uma silhueta efeminada; não se sabe ao certo se esta particularidade na representação do faraó seria uma nova tendência artística ou o resultado de algum tipo de deformação congénita de Akhenaton. Foi no "atelier" do escultor de Akhenaton, Tutmés, que foi encontrado em 1912 o famoso busto de Nefertiti, uma obra inacabada.
A escultura foi marcada pela escolha de materiais resistentes, como o basalto,o pórfiro, xisto, diorito e o granito. Algumas estátuas serviram um objectivo político, sendo colocadas diante dos templos para que o povo as visse, mas tinha sobretudo um objectivo religioso. Exprimem de uma maneira geral uma posição fixa, com os braços colados ao corpo (as estátuas egípcias influenciaram as estátuas gregas mais antigas sobre jovens, conhecidas como kouros). As estátuas que se achavam nos túmulos eram consideradas como uma espécie de corpo de substituição; o ka e o ba deveriam reconhecer o rosto onde habitavam, não sendo por isso relevante representar os defeitos do corpo. Algumas estátuas atingiam proporções grandiosas, como a Esfinge do planalto de Guiza e os Colossos de Memnon. Saliente-se ainda a invenção da "estátua-cubo" pelos Egípcios, na qual apenas a cabeça emerge do bloco de pedra.
Nas artes parietais, o baixo-relevo e a pintura andam frequentemente associados. Durante o Império Médio o baixo-relevo surge pintado, enquanto que no Império Novo a pintura tornou-se uma arte autónoma. Os temas mais frequentes da pintura são os retratos de família, as batalhas, os deuses e as paisagens. A cor desempenhava nela uma função informativa: os corpos masculinos são pintados a vermelho-acastanhado e os femininos a amarelo.
ARTE - MOTIVAÇÕES E OBJETIVOS - A arte do antigo Egito serve acima de tudo objetivos políticos e religiosos. Para compreender a que nível se expressam estes objectivos é necessário ter em conta a figura do soberano absoluto, o faraó. Ele é o representante de deus na Terra e é este seu aspecto divino que vai vincar profundamente a manifestação artística.
Deste modo a arte representa, exalta e homenageia constantemente o faraó e as diversas divindades da mitologia egípcia, sendo aplicada principalmente a peças ou espaços relacionados com o culto dos mortos, isto porque a transição da vida à morte é vista, antecipada e preparada como um momento de passagem da vida terrena à vida após a morte, à vida eterna e suprema.
O faraó é imortal e todos seus familiares e altos representantes da sociedade têm o privilégio de poder também ter acesso à outra vida. Os túmulos são, por isto, dos marcos mais representativos da arte egípcia, lá são depositados a múmia ou estátua (corpo físico que acolhe posteriormente a alma, ka) e todos os bens físicos do quotidiano que lhe serão necessários à existência após a morte.
A arte egípcia é profundamente simbólica. Todas as representações estão repletas de significados que ajudam a caracterizar figuras, a estabelecer níveis hierárquicos e a descrever situações. Do mesmo modo a simbologia serve à estruturação, à simplificação e clarificação da mensagem transmitida criando um forte sentido de ordem e racionalidade extremamente importantes.
A harmonia e o equilíbrio devem ser mantidos, qualquer perturbação neste sistema é, consequentemente, um distúrbio na vida após a morte. Para atingir este objectivo de harmonia são utilizadas linhas simples, formas estilizadas, níveis rectilíneos de estruturação de espaços, manchas de cores uniformes que transmitem limpidez e às quais se atribuem significados próprios.
A hierarquia social e religiosa traduz-se, na representação artística, na atribuição de diferentes tamanhos às diferentes personagens, consoante a sua importância. Como exemplo, o faraó será sempre a maior figura numa representação bidimensional e a que possui estátuas e espaços arquitectónicos monumentais. Reforça-se assim o sentido simbólico, em que não é a noção de perspectiva (dos diferentes níveis de profundidade física), mas o poder e a importância que determinam a dimensão.
ARTE - AS CORES - A arte egípcia, à semelhança da arte grega, apreciava muito as cores. As estátuas, o interior do templos e dos túmulos eram profusamente coloridos. Porém, a passagem do tempo fez com que se perdessem as cores originais que cobriam as superfícies dos objectos e das estruturas.
As cores não cumpriam apenas a sua função primária decorativa, mas encontravam-se carregadas de simbolismo, que se descreve de seguida:
Preto (kem): era obtido a partir do carvão de madeira ou de pirolusite (óxido de manganésio do deserto do Sinai). Estava associado à noite e à morte, mas também poderia representar a fertilidade e a regeneração. Este último aspecto encontra-se relacionado com as inundações anuais do Nilo, que trazia uma terra que fertilizava o solo (por estão razão, os Egípcios chamavam Khemet, "A Negra", à sua terra). Na arte o preto era utilizado nas sobrancelhas, perucas, olhos e bocas. O deus Osíris era muitas vezes representado com a pele negra, assim como a rainha deificada Ahmés-Nefertari.
Branco (hedj): obtido a partir da cal ou do gesso, era a cor da pureza e da verdade. Como tal era utilizado artísticamente nas vestes dos sacerdotes e nos objectos rituais. As casas, as flores e os templos eram também pintados a branco.
Vermelho (decher): obtido a partir de ocres. O seu significado era ambivalente: por um lado representava a energia, o poder e a sexualidade, por outro lado estava associado ao maléfico deus Set, cujos olhos e cabelo eram pintados a vermelho, bem como ao deserto, local que os Egípcios evitavam. Era a vermelho que se pintava a pele dos homens.
Amarelo (ketj): para criarem o amarelo, os Egípcios recorriam ao óxido de ferro hidratado (limonite). Dado que o sol e o ouro eram amarelos, os Egípcios associaram esta cor à eternidade. As estátuas dos deuses eram feitas a ouro, assim como os objectos funerários do faraó, como as máscaras.
Verde (uadj): era produzido a partir da malaquite do Sinai. Simboliza a regeneração e a vida; a pele do deus Osíris poderia ser também pintada a verde.
Azul (khesebedj): obtido a partir da azurite (carbonato de cobre) ou recorrendo-se ao óxido de cobalto. Estava associado ao rio Nilo e ao céu.
ARTE - A LEI DA FRONTALIDADE - Embora seja uma arte estilizada é também uma arte de atenção ao pormenor, de detalhe realista, que tenta apresentar o aspecto mais revelador de determinada entidade, embora com restritos ângulos de visão. Para esta representação são só possíveis três pontos de vista pela parte do observador: de frente, de perfil e de cima, e que cunham o estilo de uma forte componente estática, de uma imobilidade solene.O corpo humano, especialmente o de figuras importantes, é representado utilizando dois pontos de vista simultaneos, os que oferecem maior informação e favorecem a dignidade da personagem: os olhos, ombros e peito representam-se vistos de frente; a cabeça e as pernas representam-se vistos de lado.
O facto de, ao longo de tanto tempo, esta arte pouco ter variado e se terem verficado poucas inovações, deve-se aos rígidos cânones e normas a que os artistas deveriam obedecer e que, de certo modo, impunham barreiras ao espírito criativo individual.A conjugação de todos estes elementos marca uma arte robusta, sólida, solene, criada para a eternidade.
ARTE - O ARTISTA - Os criadores do legado egípcio chegam aos nossos dias anónimos, sendo que só em poucos casos se conhece efectivamente o nome do artista. Tão pouco se sabe sobre o seu carácter social e pessoal, que se crê talvez nem ter existido tal conceito no grupo artístico de então. Por regra, o artista egípcio não tem um sentido de individualidade da sua obra, ele efectua um trabalho consoante uma encomenda e requisições específicas e raramente assina o trabalho final. Também as limitações de criatividade impostas pelas normas estéticas, e as exigências funcionais de determinado empreendimento, reduzem o seu campo de actuação individual e, juntamente com o facto de ser considerado um executor da vontade divina, fazem do artista um elemento de um grupo anónimo que leva a cabo algo que o transcende.
O trabalho é efectuado em oficinas, onde se reunem os executores e os seus mestres nas diferentes tipologias artísticas, escultores, pintores, carpinteiros e mesmo embalsamadores. Nestes locais trabalha-se em série e os trabalhos saem em série.
No entanto é possível indentificar diferenças entre distintas obras e estilos que reflectem traços individuais de determinados artistas, onde se observam, por exemplo, inovações a nível de composição decorativa. Do mesmo modo tanto é possível reconhecer artistas com talento, genialidade e perfeito conhecimento dos materiais em obras de grande qualidade, como artistas que se limitam a fazer cópias.
Mas o artista é também visto como um indivíduo com uma tarefa divina importante. Mesmo que se trate de um executor ele necessita de contacto com o mundo divino para poder receber a sua força criadora. Sem ele não seria possível tornar visível o conteúdo espiritual, o invisível. O próprio termo para designar este executor, s-ankh, significa o que dá vida.
ARTE - VARIANTES TEMPORAIS - A arte egípcia prima, de um modo geral, pela constante homogeneidade e expressa um mundo pictórico e formal únicos. Esta característica cunha a arte de tal modo, que a identificação de determinada obra como pertencente a este grande movimento estilístico não oferece dificuldade. Contudo existem algumas nuances no seu eixo estruturador que são, em grande parte, resultado da sucessão de acontecimentos históricos.
ARTE - PERIODO ARCÁICO OU TINITA - Durante o Período Arcaico, e após a descoberta da escrita, o Egipto está unido e o seu desenvolvimento acelera, estabelecendo-se e cristalizando-se já aqui os traços principais do que será a arte egípcia. Pouco sobreviveu desta época, mas alguns túmulos e o seu respectivo recheio possibilitam uma ideia da arte da época. Perde-se o primitivismo formal e são ainda presentes alguma influências da arte mesopotâmica, especialmente nas fachadas de templos, e domina ainda o uso do adobe cozido ao sol, substituído no final do período pela pedra.
ARTE - ANTIGO IMPÉRIO - A III dinastia é remetida por alguns autores já para o início do Império Antigo. Com a transição para a pedra surge também a arquitectura monumental e a vincada noção egípcia de eternidade vinculada ao faraó. A mastaba assume-se como o túmulo para particulares por excelência, inicialmente em forma quadrangular ou de pirâmide truncada (mais tarde a pirâmide de degraus). As proporções do corpo humano tornam-se mais equilibradas e harmoniosas, cresce a atenção ao pormenor. É também desta altura Imhotep, o nome do primeiro construtor a ficar registado, responsável pelo uso da pedra talhada e da sua aplicação, não só a uma função, como também a objectivos expressivos. A edificação assume um objectivo simbólico.
Com o Império Antigo estabelece-se a calma e a segurança, bases ao próspero e veloz desenvolvimento da sociedade onde se estabelecem hierarquias governamentais. Durante a IV dinastia edificam-se as monumentais pirâmides faraónicas de Gizé (Quéfren, Quéops e Miquerinos) que fascinam pela sua impressionante construção. Talha-se a Esfinge perto da pirâmide de Quefren em dimensões monumentais, assumindo-se e homenageando-se o poder faraónico, embora na V dinastia se reduzam as dimensões monumentais para proporções mais humanas. É também nesta altura que se impulsiona o gosto pelas estátuas-retrato de grande robustez pelo seu volume cúbico e imobilidade. As figuras apresentam-se de pé (em que a perna esquerda avança ligeiramente à frente) ou sentadas (na V dinastia surge também a posição do escriva sentado de pernas cruzadas) e denota-se a diferente coloração da pele usada nas figuras masculinas (mais escura) e femininas (mais clara). Em termos de decoração tumular propagam-se as representações realistas do quotidiano.
ARTE - ESCULTURA - No que diz respeito à escultura podem ser estabelecidas diferenças de concepção entre a estatuária real e a estatuária de particulares. Na primeira verifica-se um desejo de imponência, enquanto que a segunda tende para um maior realismo, detectável em trabalhos como o grupo escultórico de Rahotep e Nofert (IV dinastia).
A estátua do rei Djoser colocada no serdab do seu complexo funerário em Sakara revela ainda ligações com a arte do período anterior, mas como o rei Khafré e a sua conhecida estátua em diorite na qual o deus-falcão Hórus protege com as suas asas, oriunda do seu templo funerário em Guiza, nota-se já uma evolução. Do rei Menkauré chegaram até aos dias de hoje as chamadas díades e tríades. As primeiras consistem em estátuas do rei com a sua esposa, a rainha Khamerernebti II. Quanto às tríades, o rei surge representado com a deusa Hathor e uma personificação de um nomo.
Do tempo da V dinastia são escassas as estátuas de reis, mas em compensação abundam as estátuas de particulares. São desta época as várias estátuas de escribas que se encontram hoje em dia no Museu Egípcio do Cairo e no Museu do Louvre, que retratam estes funcionários na pose de pernas cruzadas, uma forma de representação que se manterá até à Época Greco-Romana.
Os materiais utilizados na escultura deste período foram diorite, granito, xisto, basalto, calcário e alabastro.
A expressão humana na escultura vai ganhar uma nova dimensão e realismo nesta época, passando-se a representar nas estátuas reais o envelhecimento. Mesmo a representação bidimensional perde a sua dependência dos cânones adoptando uma maior naturalidade e mesmo noções de profundidade tridimensional. Nesta época criam-se esfinges reais nas quais o rosto do monarca surge emoldurado por uma juba, como é o caso de uma esfinge de Amenemhat III.
ARTE - PRIMEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO - Os tempos políticos conturbados reflectem-se também na arte tornando-a quase inextistente e com uma maior incidência nos textos literários, que expressam a revolução espiritual da época. Através das pilhagens de túmulos, a arte restrita dos faraós e figuras de maior importância passa para a mão do homem “mortal” que acredita ter o mesmo privilégio da vida eterna.
ARTE - IMPÉRIO MÉDIO - Após o período de decadência do poder central e de instabilidade política que foi o Primeiro Período Intermediário (e que se reflectiu na arte com o abandono dos cânones estabelecidos) inicia-se o Império Médio que corresponde à XI e XII dinastias.
ARTE - ARQUITETURA - Na arquitetura adaptam-se os padrões estilísticos anteriores ao nível da construção, procurando-se retomar a construção de pirâmides. Contudo, estas pirâmides não atingem a grandeza das pirâmides do Império Antigo. Construídas com materiais de baixa qualidade e com técnicas deficientes, o que resta hoje destas construções é praticamente um monte de escombros. As mais altas pirâmides construídas nesta época foram a de Senuseret III (78 metros) e a de Amenemhat III (75 metros).
Mentuhotep, monarca que reunificou o Egipto após o Primeiro Período Intermediário, manda construir nas região de Tebas Ocidental o seu complexo funerário, no qual se detectam elementos da arquitectura do Império Antigo, como um templo do vale que conduz através de um caminho processional ao templo funerário junto à rocha.
ARTE - PINTURA - Os locais onde a Pintura do Antigo Egipto melhor se manifestou foram os túmulos dos governadores dos nomos, em cujas paredes se recriam cenas de caça, pesca, banquetes ou danças. Seguindo a tradição anterior, o dono do túmulo surge representado em tamanho superior às outras personagens. A pintura é realizada sobre estuque fresco ou sobre relevo.
As artes decorativas do Império Médio conhecem uma das épocas mais importantes, sobretudo no que diz respeito aos trabalho de joalharia. Os amuletos, os pentes, os espelhos, as caixas e as candeiais caracterizam-se pela sua beleza. São bastante conhecidos os pequenos hipopótamos em faiança decorados com motivos vegetais.
A literatura desenvolve o gosto pelo provérbio, o romance, a história, passa também a obedecer a outras funções como as de influenciar a política, homenagear faraós e mesmo descrever e caracterizar profissões. Mas também a cunhar este momento está a inquietude herdada do período anterior.
ARTE - SEGUNDO IMPÉRIO INTERMEDIÁRIO - Este é mais um período escuro e de inseguridade do qual pouco se sabe e no qual se praticaram mais a matemática, a medicina e a cópia de papiros de épocas anteriores.
ARTE - IMPÉRIO NOVO - No Império Novo dá-se de novo a unificação do Egipto e a arte volta ter mais uma das suas épocas de ouro, com um novo começo em que se vão reavivar as tradições do passado e em que as forças criadoras vão erguer vários edifícios de pedra de construção arrojada e que ainda hoje podem ser admirados.
Foi na capital do Império Novo, a cidade de Tebas, que se ergueram os grandes edifícios desta época. A divindade da cidade era Amon e seu principal centro de culto era o Templo de Karnak, ao qual praticamente todos os monarcas do Império Novo procuram acrescentar estruturas como pilones.
No Império Novo os reis abandonaram a tradição de serem sepultado em pirâmides, optando por mandar escavar os seus túmulos nos rochedos próximos, num local hoje são designado como Vale dos Reis. Nesta atitude são seguidos pelos altos dignitários. A principal razão para esta mudança estaria relacionada com uma tentativa de evitar os saques. Porém, a intenção revelou-se fracassada: dos túmulos desta era apenas chegaram intactos até à época contemporânea o de Tuntankhamon, o do casal Iuia e Tuia (genros do rei Amen-hotep III e pais da rainha Tié) e dos dignitários Sennedjem e Khai.
Num local conhecido como Deir el-Bahari encontra-se o templo funerário da rainha Hatchepsut, mandando construir pelo seu arquitecto Senemut. O templo enquadra-se perfeitamente na falésia de calcário em que se encontra, situando-se junto ao vizinho templo de Mentuhotep II, construído quinhentos anos antes.
ARTE - A ARTE DE AMARNA - Mas ainda na XVIII dinastia dá-se, com Amen-hotep IV (que mudou o nome para Akhenaton), uma revolução religiosa, em que o faraó proclama um "monoteísmo" com o culto de uma só divindade, o disco solar Aton. Nesta altura propaga-se o chamado “Estilo Ekhenaton” ou Estilo Amarniano (em função do nome moderno da cidade mandada construir por Akhenaton, Amarna), que se caracteriza por ser muito naturalista, em que se tenta quebrar com as regras anteriores da solidez e imobilidade. As obras deste período têm maior fluidez e flexibilidade. Principalmente na escultura assumem-se formas orgânicas e pouco geométricas, que atingem por vezes aspectos de caricatura. Os membros da família real são representados em cenas da vida familiar (aspecto completamente novo na arte egípcia) com crânios alongados, que não se sabe se seriam representações veristas da família (avançando alguns autores a hipótese de que a família real sofreria de síndrome de Marfan) ou apenas uma espécie de vanguarda artística. Apesar dos eventuais excessos, data deste período o famoso busto da esposa de Akhenaton, Nefertiti, descoberto em 1922 por uma equipa arqueológica alemã na casa do seu autor, o escultor Tutmés.
O gosto pela representação do mundo animal e vegetal está igualmente presente. Os sucessores de Akhenaton devolvem a arte aos padrões anteriores e com Tutancámon está-se já, de novo, no politeísmo.
Da XIX dinastia egípcia é de referir Ramsés II que impulsionou diversas construções. Neste momento dá-se o pico da pintura e do relevo e a literatura abandona o pessimismo voltando-se para o relato ligeiro de histórias mitológicas, fábulas, épicos de guerra e também para poesia romântica. Até ao final deste período vão-se impor estilos variados não representativos, que retomam antigas tradições, especialmente a nível da escultura.
ARTE - TERCEIRO PERÍODO INTERMEDIÁRIO - A época que se seguiu ao reinado de Ramsés III foi marcada pela progressiva desagregação do poder faraónico, sendo os últimos soberanos da XX dinastia meros reis fantoches. O Terceiro Período Intermediário, época que compreende cerca de trezentos e cinquenta anos e que corresponde à XXI até à XIV dinastias, vai continuar no essencial a arte desenvolvida no Império Novo. Deste período destaca-se a perfeição alcançada no trabalho dos metais, que se detecta em trabalhos como as máscaras funerárias dos reis Psusennes I e Chechonk II, no pendente em ouro de Osorkon II e na estátua em bronze da adoradora divina de Amon Karomama.
ARTE - ÉPOCA BAIXA - A XXVI dinastia conseguiu reunificar o Egipto, dando início à Época Baixa que se desenrola até à XXX dinastia, embora a presença de povos estrangeiros, como líbios, núbios e persas, é constante neste período. Durante a Época Baixa o centro do poder real vai localizar-se na região do Delta, onde se encontram as capitais das várias dinastias, como Sais, Mendes e Sebenitos. São nestas cidades que se ordenam os grandes trabalhos arquitectónicos. Na escultura da Época Baixa verifica-se um arcaísmo, uma inspiração nos modelos da época do Império Antigo. Na XXVI dinastia nota-se igualmente o apuro na polidez da pedra, dando origem a trabalhos que alguns autores denominam como "arte lambida".
ARTE - EGITO PTOLEMAICO - Em 343 a.C. o Egipto assiste ao segundo período de dominação persa que termina em 332 a.C., quando Alexandre Magno conquistou o Egipto. Após a sua morte será fundada no país das Duas Terras, por um dos seus generais, Ptolemeu I, uma dinastia que governará o país até à conquista romana de 30 a.C.. Apesar da sua origem macedónia, a dinastia ptolemaica adoptou as formas artísticas dos Egípcios. Os reis ptolemaicos foram representados nos templos como os antigos faraós. Das obras que ainda hoje se podem visitar no Egipto permaneceram, em maior parte, as do período grego onde a arte adquire a forte influência da harmonia helenística. São desta época os conhecidos templos de Ísis em Filae, o templo de Hórus em Dendera e o templo de Edfu.
O LEGADO DO ANTIGO EGITO
Apesar da civilização egípcia ter terminado há dois mil anos, parte do seu legado continua vivo no mundo actual.
Os Egípcios possuíam um calendário de 365 dias e doze meses e já dividiam o dia em vinte e quatro horas. Algumas palavras da língua portuguesa, como alquimia, química, adobe, saco, papel, gazela e girafa, têm origens na língua egípcia. De igual forma, certas expressões, como "anos de vacas magras", são também de origem egípcia. As crianças do Antigo Egito já brincavam a "macaca" ou amarelinha como dizem hoje em dia, e os adultos apreciavam um jogo de tabuleiro, conhecido como Senet.
A nível arquitectónico, estão presentes no mundo contemporâneo certos elementos da arquitectura do Antigo Egito como o obelisco, que os Egípcios consideravam como um raio do sol petrificado. Ele está presente em várias cidades mundiais, como Buenos Aires ou no Monumento de Washington nos Estados Unidos da América. Outras cidades possuem mesmo obeliscos que foram trazidos do Antigo Egito (Place de la Concorde em Paris, Praça de São Pedro no Vaticano...). A construção piramidal, associada ao Antigo Egito, encontra-se também em edifícios como a Pirâmide do Louvre de Paris ou o Luxor Hotel de Las Vegas.
Alguns símbolos da alquimia são de origem egípcia, como a serpente ouroboros e a ave fénix. O papiro dos egípcios foi o antepassado do papel dos nossos dias.
Mas será porventura no domínio da religião e da espiritualidade que o legado do Antigo Egito está mais presente. Embora já não se veja na experiência religiosa de Akhenaton um monoteísmo puro nascido antes do monoteísmo dos Hebreus, não deixa de ser curiosa a semelhança entre versos do Grande Hino a Aton escrito por Akhenaton com o salmo 104 da Bíblia. Os Egípcios acreditavam na necessidade de levar uma vida pautada por uma conduta ética de modo a assegurar uma vida no Além, um conceito presente em várias religiões dos nossos dias. O relato da morte e ressureição do deus Osíris, lembra a própria morte e ressureição de Jesus Cristo, no qual assenta o cristianismo. A Igreja Copta, que reúne a maioria dos cristãos do Egito, usa como símbolo a cruz ansata ou ankh, símbolo da vida no Antigo Egito. Segundo Heródoto, os sacerdotes egípcios praticavam a circuncisão e dedicavam alguns dias do ano ao jejum, dois elementos que estão presente em religiões como o judaísmo e o islão. Para além disso, os movimentos esotéricos e ocultistas tem também o Antigo Egito como referência, apropriando-se de elementos e símbolos desta civilização.
Este foi um apanhado geral da História Egípcia, pois muitas coisas que ainda nos intrigam não foram explicadas, mas isto, fica para uma proxima hora...
O DIA DE HOJE NO PASSADO...
ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS
69 - Vitélio é aclamado imperador pelo Reno
533 - Mercúrio é proclamado Papa, como seu nome evocava um deus pagão é o primeiro a trocar de nome para o papado adotando João II
1492 - Queda de Granada: fim da Reconquista. A conquista de Granada marcou o fim da Reconquista, em que os Reis Católicos recuperaram todas as terras que os mouros ocupavam na Península Ibérica.
1765 - Alvará que manda concretizar o plano que cria o Terreiro Público (área para abastecimento da população na Ribeira de Lisboa).
1788 - A Geórgia torna-se num estado dos EUA.
1818 - Fundação do dos condados de Franklin e Union
1825 - Brasil e Argentina iniciaram a Guerra Cisplatina pela posse da Banda Oriental, atual Uruguai. A região era área estratégica para os dois países por causa do controle da navegação e do comércio na bacia do rio Prata.
1833 - A Inglaterra toma da Argentina as Ilhas Malvinas
1839 - O fotógrafo francês Louis Daguerre tirou a primeira foto da Lua
1865 - Tomada de Paysandú, marco da Guerra do Paraguai
1905 - Descoberta de Elara - satélite de Júpiter (o maior planeta do Sistema solar)
1927 - Constituída a Província de Varese
1929 - Assinado o acordo para preservação das Cataratas do Niágara entre Canadá e Estados Unidos da América
1940 - a URSS inicia ofensiva no istmo da Carélia, na Finlândia.
1942 - Segunda Guerra Mundial: Manila, capital das Filipinas, é capturada pelas forças japonesas.
1953 - Inaugurada a Base Aérea do Montijo
1959 - Elevação de Choró a município. / A União Soviética lançou no espaço a primeira nave com destino à Lua.
1967 - Philip Blaiberg é o segundo paciente operado pelo doutor Christian Barnard para receber um transplante de coração.
1987 - Os Estados Unidos cortaram 32% da lista de produtos brasileiros isentos de tarifas. Entre outros, álcool, óleo vegetal e vários tipos de couro sofreram represália comercial.
1989 - O inquérito policial sobre a morte do seringueiro e sindicalista Chico Mendes apontou o fazendeiro Darci Alves da Silva como mandante.
1991 - Criação do Parque Estadual da Pedra Azul
1998 - A Microsoft comprou o Hotmail, maior serviço de e-mail grátis da Internet.
2002 - Eduardo Duhalde assumiu a presidência da Argentina no lugar de Adolfo Rodrigues Saá, que renunciou com duas semanas de governo. Duhalde, antes senador, foi eleito pela Assembléia Legislativa do país.
2003 - Hugo Chávez visita Lula em Brasília e propõe a integração energética entre países latino-americanos
2004 - A sonda Stardust aproxima-se do cometa Wild 2 para coletar amostras de poeira e obter fotos detalhadas do seu núcleo gelado.
NASCIMENTOS
1837 - Mili Alekseyevich Balakirev, compositor russo (m. 1910)
1855 - Urbano Duarte, militar, jornalista, cronista, humorista e teatrólogo brasileiro (m. 1902).
1873 - Anton Pannekoek, astrônomo e teórico marxista neerlandês (m. 1960) / Teresa de Lisieux (Santa Teresinha), religiosa francesa (m. 1897)
1898 - Santo Irmão Jaime Hilário, mártir de Turon e santo da Igreja Católica (m. 1937
1920 - Isaac Asimov, escritor e bioquímico russo (m. 1992)
1928 - Daisaku Ikeda, escritor, filosofo e poeta japonês
1938 - Hans Herbjørnsrud, escritor norueguês
1939 - José Vera Jardim, político portguês
1943 - Barış Manço, compositor, tipógrafo e produtor de televisão turco (m. 1999)
1950 - Débora Duarte, atriz brasileira
1951 - Hark Tsui, ator vietnamita
1967 - Tia Carrere, atriz estadunidense
1968 - Cuba Gooding Jr., ator estadunidense
1969 - Christy Turlington, top model norte-americana
1972 - Rita Guedes, atriz brasileira
1976 - Paz Vega, atriz espanhola
1978 - Kjartan Sveinsson, integrante da banda islandesa Sigur Rós
1982 - Matsumoto Takanori, conhecido como Ruki, vocalista da banda japonesa the GazettE
1983 - Kate Bosworth, atriz estadunidense
FALECIMENTOS
1554 - Príncipe João de Portugal (n. 1537)
1801 - Johann Kaspar Lavater, filósofo, poeta e teólogo suíço (n. 1741)
1886 - Marechal Emílio Luís Mallet (n. 1801)
1917 - Edward Burnett Tylor, antropólogo britânico (n. 1832)
1960 - Fausto Coppi, ciclista italiano (n. 1919)
1999 - Sebastian Haffner, jornalista e historiador alemão (n. 1907)
2005 - Kelly Freas, ilustrador estadunidense (n. 1922)
Ficou com dúvida??? Quer ajuda??? Pergunte ao Escritor Anônimo!!! PALAVRASANÔNIMAS@GMAIL.COM (EMAIL/MSN)