sábado, 12 de janeiro de 2008

IMPÉRIO BIZANTINO - II - A QUEDA DE CONSTATINOPLA

A queda de Constantinopla foi a conquista da capital bizantina pelo Império Otomano sob o comando do sultão Maomé II, na terça-feira, 29 de maio de 1453. Isto marcou não apenas a destruição final do Império Romano do Oriente, e a morte de Constantino XI, o último imperador bizantino, mas também a estratégica conquista crucial para o domínio otomano sobre o Mediterrâneo oriental e os Bálcãs. A cidade de Constantinopla permaneceu capital do Império Otomano até a dissolução do império em 1922, e foi oficialmente renomeada Istanbul pela República da Turquia em 1930.
A queda de Constantinopla para os turcos otomanos foi um evento histórico que segundo alguns historiadores marcou o fim da Idade Média na Europa, e também decretou o fim do último vestígio do Império Bizantino.



CONTEXTO
Constantinopla era, até o momento de sua queda, uma das cidades mais importantes no mundo. Localizada numa projeção de terra sobre o estreito de Bósforo em direção à Anatólia, funcionava como uma ponte para as rotas comerciais que ligavam a Europa à Ásia por terra. Também era o principal porto nas rotas que iam e vinham entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo. Para explicar como uma cidade deste porte caiu em mãos estrangeiras, é preciso voltar a séculos antes de 1453 e detalhar os eventos que enfraqueceram o Império Bizantino.

O SAQUE DE CONSTANTINOPLA E O IMPÉRIO LATINO
declínio do Império Bizantino decorre principalmente da expansão dos turcos seljúcidas e dos conflitos com os húngaros. Porém, a primeira vez que Constantinopla foi saqueada o foi pelos cristãos ocidentais, e não por seus inimigos tradicionais. A capital do Império Romano do Oriente foi tomada pela Quarta Cruzada em 1204. O ataque foi feito pelo mar, e a cidade foi saqueada e incendiada por três dias, e nem tesouros da Igreja Ortodoxa e supostas relíquias cristãs, riquezas acumuladas por quase 1000 anos, foram poupados.
As razões da tomada de Constantinopla são variadas e complexas. Em 1190, a Terceira Cruzada, formada por contingentes das potências ocidentais, não recebeu dos bizantinos o apoio esperado quando se dirigia à Terra Santa, o que levou a um forte ressentimento. Tal fato se deu porque os bizantinos, acreditando que o líder dos turcos, Saladino (principal inimigo dos cruzados instalados na Terra Santa), fosse invencível, preferiram manter a maior neutralidade possível a fim de evitar um futuro ataque aos seus territórios. Outro fator a ser levado em conta é o cisma religioso existente, o qual não foi aplacado pelos esforços da Igreja Católica Romana (latina) e da Igreja Católica Ortodoxa (grega). Também deve ser considerado o costume de se distribuir entre os generais e seus soldados o butim de guerra, neste caso formado pelos lendários tesouros e famosas relíquias. Por outro lado, os venezianos exigiam um preço pela sua participação nas cruzadas, e os cruzados viram na capital bizantina a única fonte de recursos disponível para satisfazer os venezianos.
Além disso, existia um crise sucessória no trono bizantino, que facilitou a investida cruzada. Depois de uma revolta bizantina, em 1204 os cruzados novamente tomaram a cidade. Inaugurou-se assim o chamado Império Latino (1204-1261) com o reinado de Balduíno I (Balduíno IX, Conde da Flandres). Parte dos territórios bizantinos foram então divididos entre os chefes da cruzada, formando-se os reinos independentes católicos na região de Tessalônica, Trebizonda, Épiro e Nicéia. Os bizantinos reuniram forças, e em 1261 retomaram Constantinopla e restabeleceram seu domínio sobre a Península Balcânica. Mas agora governavam um império depauperado economicamente e sem o apoio da Igreja Católica, império este que perdurou até 1453.


FORTALECIMENTO DAS DEFESAS
O ataque dos cruzados revelou um ponto fraco nas defesas da cidade. As poderosas muralhas a oeste da cidade repeliram invasores de persas, germânicos, hunos, ávaros, búlgaros e russos (um total de 22 sítios) durante séculos, mas as muralhas ao longo do litoral, sobretudo ao longo do Corno de Ouro (um canal que separava Constantinopla da vila de Pera, ao norte) revelaram-se frágeis. Após recuperarem a cidade, os bizantinos reforçaram as muralhas litorais e as defesas nos pontos onde precisavam ser abertas para a entrada de navios nos portos. Para se assegurarem de que não precisariam se preocupar com as defesas no Corno de Ouro, uma pesada corrente de ferro foi erguida sobre o canal, impedindo qualquer navio de passar sem a autorização da guarda bizantina.

O ADVENTO DOS TURCOS
Mesmo antes da Quarta Cruzada, o Império Bizantino vinha, havia muitos séculos, perdendo territórios para muçulmanos no Oriente Médio e na África. No início do século XI, uma tribo turca vinda da Ásia Central, os seljúcidas, começaram a atacar e ganhar territórios bizantinos na Anatólia. No final do século XIII, os seljúcidas já haviam tomado quase todas as cidades gregas da Anatólia, à exceção de um punhado de cidades no noroeste da península.
Nesta época, um clã semi-nômade turco teria migrado do norte da Pérsia para o oeste, e se defrontado com uma batalha entre turcos e mongóis na Anatólia. O clã entrou na batalha ao lado dos turcos e venceram. O sultão seljúcida, em agradecimento, ter-lhes-ia concedido um pequeno território montanhoso no noroeste do Império, nas proximidades do território bizantino. A forma como isto ocorreu exatamente se perdeu no folclore subseqüente, mas sabe-se que, sob o comando de um líder chamado Osman I (ou Othman), estes turcos ficaram conhecidos como "otomanos".


INVASÃO OTOMANA NA EUROPA
Os otomanos já haviam imposto sua força ao combalido Império Bizantino, tomando suas últimas cidades asiáticas de Bursa, Nicéia e Nicomédia. Em 1341, quando da morte do Imperador Andrônico III, o Império caiu nas mãos de sua esposa Ana, nomeando o clérigo Cantacuzene como protetor de seu filho João V Paleólogo e co-regente de Ana. Em 1343, Cantacuzene declarou-se regente único, e pediu ajuda militar aos otomanos para impor seu controle sobre o remanescente do Império Bizantino. Ana, então, determinou que João e Cantacuzene seriam co-imperadores, o segundo mantendo a autoridade sobre o primeiro por 10 anos, quando então governariam como iguais.
Quando o Reino da Sérvia atacou Salônica, em 1349, o clérigo e regente bizantino Cantacuzene pediu auxílio aos otomanos pela segunda vez. Em 1351, Cantacuzene fez uma terceira aliança com os turcos para ajudá-lo na guerra civil provocada entre seus partidários e os seguidores do príncipe João. Neste último acordo, Cantacuzene prometeu aos otomanos a posse de uma fortaleza do lado europeu do estreito de Dardanelos - a primeira ocupação de uma civilização asiática na Europa desde o assédio persa à Grécia, mais de 2000 anos antes. Entretanto, o príncipe otomano Suleimã decidiu reforçar sua posição tomando a cidade de Gallipoli, estabelecendo o controle sobre toda a península e uma base estratégica para a expansão do Império Otomano na Europa. Quando Cantacuzene exigiu a devolução da cidade, os otomanos voltaram-se para Constantinopla.
Durante o governo de João Paleólogo, Bizâncio se tornara um estado vassalo dos otomanos, oferecendo soldados para as campanhas dos turcos na Europa e pagando um tributo anual para manter os turcos longe de Constantinopla. As exigências turcas se agravaram quando João morreu, em 1391, e seu filho Manuel II Paleólogo subiu ao trono, à revelia do Sultão otomano Bayazid.


OS CERCOS DE 1391, 1396 e 1422
Entre as novas exigências do sultão estava o estabelecimento de um distrito em Constantinopla para mercadores turcos. Como Manuel se recusara, Bayazid cercou a cidade por terra. Após 7 meses de cerco, Manuel Paleólogo cedeu, e os turcos se retiraram para campanhas ao norte contra Sérvia e Hungria.
Bayazid convocou Manuel e outros reis cristãos do leste europeu para uma audiência, onde demonstraria as conseqüências a qualquer um que resistisse ao Sultão. Paleólogo pressentiu que seria assassinado, e recusou o convite. Após uma segunda recusa, em 1396, Bayazid enviou novamente seu exército para Constantinopla, saqueando e destruindo os campos à volta da cidade, impedindo que qualquer um entrasse ou saísse vivo de lá. Constantinopla ainda podia contar com suprimentos vindos do mar, já que os turcos não se apoiaram em um cerco marítimo à cidade. Assim, Constantinopla resistiu por 6 anos, até que, em 1402, o temível exército de Tamerlão invadiu o Império Otomano pelo leste, e Bayazid se viu obrigado a mobilizar suas tropas para esta nova frente, salvando Constantinopla no último momento.
Nas duas décadas seguintes, Constantinopla viu-se livre do jugo otomano, e pôde até recuperar alguns territórios na Grécia. Mas em 1422, Manuel Paleólogo resolveu apoiar um príncipe otomano ao trono, visando uma duradoura trégua no futuro. Mas o Sultão Murad II enviou em resposta um contingente de 10 mil soldados para cercar Constantinopla mais uma vez. Naquele ano, em 24 de agosto, o Sultão ordenou um ataque maciço às muralhas, e após várias horas de batalha, ordenou a sua retirada, e mais uma vez Constantinopla conseguiu uma sobrevida.



A QUEDA DE CONSTANTINOPLA

A BUSCA DE APOIO NO OCIDENTE
O cisma entre Igrejas Católica e Ortodoxa mantivera Constantinopla distante das nações ocidentais, e mesmo durante os cercos de turcos muçulmanos, não conseguira mais do que indiferença de Roma e seus aliados.
Em uma última tentativa de aproximação, tendo em vista a constante ameaça turca, o Imperador João VIII Paleólogo promoveu um concílio em Ferrara, na Itália, onde as diferenças entre as duas fés foram rapidamente resolvidas. Entretanto, a aproximação provocou tumultos entre a população bizantina, dividida entre os que rejeitavam a igreja romana e os que apoiavam a manobra política de João VIII.


CONSTANTINO XI e MAOMÉ II
João VIII morrera em 1448, e seu filho Constantino assumiu o trono no ano seguinte. Era uma figura popular, tendo lutado na resistência bizantina no Peloponeso frente ao exército otomano, mas seguia a linha de seu pai na conciliação das igrejas oriental e ocidental, o que causava desconfiança não só entre o clero bizantino como também no Sultão Murad II, que via esta aliança como um ameaça de intervenção das potências ocidentais na resistência à sua expansão na Europa.
Em 1451, Murad II morreu, sendo sucedido por seu jovem filho Maomé II (ou Mahmed II). Inicialmente, Maomé prometera não violar o território bizantino. Isto aumentou a confiança de Constantino que, no mesmo, ano, se sentiu seguro o suficiente para exigir o pagamento de uma anuidade para a manutenção de um obscuro príncipe otomano, mantido como refém, em Constantinopla. Furioso mais pelo ultraje do que pela ameaça a seu parente em si, Maomé II ordenou os preparativos para um cerco total à capital bizantina.


O PAVOR DOS CRISTÃOS
O pavor agia como uma epidemia, corroendo os nervos dos patrícios, dos nobres, da corte e do povo em geral. Situação que piorou ainda mais quando o sultão mandara expor 76 soldados cristãos empalados por seus carrascos na frente das muralhas para que os habitantes de Constantinopla soubessem o destino que os aguardava.
Dias mais depressivos eles tiveram antes, no momento em que o grande canhão turco (chamado de Grã Bombarda) um monstro de bronze e de oito metros de comprimento e de 7 toneladas, que os sitiantes trouxeram de longe, arrastado por 60 bois e auxiliado por um contingente de 200 homens (ele era dividido ao meio para melhor facilitação do transporte), começara a despejar balas de 550 quilos contra as portas e as muralhas da cidade. Parecia um raio atirado dos céus para vir arrasar com as expectativas de salvação dos cristãos. Pela frente os turcos invasores tinham uma linha de 22 quilômetros de muralhas e 96 torres bem fortificadas ainda por vencer, mas para os cristãos era pior, pois somente viam a sombra da foice da morte.
Os dois lados se prepararam para a guerra. Os bizantinos, agora com a simpatia das nações católicas, enviaram mensageiros às nações ocidentais implorando por reforços, e conseguindo promessas. Três navios genoveses contratados pelo Papa estavam a caminho com armas e provisões. O Papa ainda havia enviado o cardeal Isidro, com 300 arqueiros napolitanos para sua guarda pessoal. Os venezianos enviaram em meados de 1453 um reforço de 800 soldados e 15 navios com suprimentos, enquanto os cidadãos venezianos residentes em Constantinopla aceitaram participar das defesas da cidade. A capital bizantina ainda recebeu reforços dos cidadãos de Pera e genoveses renegados, entre os quais Giovanni Giustiniani Longo, que se encarregaria das defesas da muralha leste, e 700 soldados. Tonéis de fogo grego, armas de fogo, e todos os homens e jovens capazes de empunhar uma espada e um arco foram reunidos. Entretanto, as forças bizantinas provavelmente não chegavam a 7 mil soldados e 26 navios de guerra ancorados no Corno de Ouro.
Os otomanos, por sua vez, iniciaram o cerco construindo rapidamente uma fortaleza 10 quilômetros ao norte de Constantinopla. Maomé II sabia que os cercos anteriores haviam fracassado porque a cidade recebia suprimentos pelo mar, então tratou de bloquear as duas entradas do Mar de Mármara, com uma fortaleza armada com 3 canhões no ponto mais estreito do Bósforo, e pelo menos 125 navios ocupando Dardanelos, o mar de Mármara e o oeste do Bósforo.
Maomé ainda reuniu um exército estimado em 100 mil soldados, 80 mil dos quais soldados turcos profissionais - os demais recrutas capturados em campanhas anteriores, mercenários, aventureiros e renegados cristãos, que seriam usados para os ataques diretos. 12 mil destes soldados eram janízaros, a elite do exército otomano. No início de 1452, um engenheiro de artilharia húngaro chamado Urbano ofereceu seus serviços ao Sultão. Maomé o fez responsável pela instalação dos canhões em sua fortaleza.


O ATAQUE TURCO
O cerco começou oficialmente em 6 de abril de 1453, quando o grande canhão disparou o primeiro tiro em direção ao vale do Rio Lico, que penetrava em Constantinopla por uma depressão sob a muralha que possibilitava o posicionamento do canhão em uma parte mais alta. A muralha, até então imbatível naquele ponto, não havia sido construída para suportar ataques de canhões, e em menos de uma semana começou a ceder. Todos os dias, ao anoitecer, os bizantinos se esgueiravam para fora da cidade para reparar os danos causados pelo canhão com sacos e barris de areia, pedras estilhaçadas da própria muralha e paliçadas de madeira. Os otomanos evitaram o ataque pela costa, pois as muralhas eram reforçadas por torres com canhões e artilheiros que poderiam destruir toda a frota em pouco tempo. Por isso, o ataque inicial se restringiu a apenas uma frente, o que possibilitou tempo e mão de obra suficientes aos bizantinos para suportarem o assédio.
No início do cerco, os bizantinos conseguiram duas vitórias animadoras. Em 12 de abril, o almirante búlgaro a serviço do Sultão, Suleimã Baltoghlu, foi repelido pela armada bizantina ao tentar forçar a passagem pelo Corno de Ouro. Seis dias depois, o Sultão Maomé II tentou um ataque à muralha danificada no vale do Licos, mas foi derrotado por um contingente bem menor, mas mais bem armado de bizantinos, sob o comando de Giustiniani.
Em 20 de abril os bizantinos avistaram os navios enviados pelo Papa, mais um outro navio grego com grãos da Sicília, que atravessaram o bloqueio de Dardanelos quando o Sultão deslocou seus navios para o Mar de Mármara. Baltoghlu tentou interceptar os navios cristãos, mas viu sua frota ser destruída por ataques de fogo grego despejado sobre suas embarcações. Os navios chegaram com êxito ao Corno de Ouro, e Baltoghlu foi humilhado publicamente pelo Sultão e dispensado.
Em 22 de abril, o Sultão aplicou um golpe estratégico nas defesas bizantinas. Impossibilitados de atravessar a corrente que fechava o Corno de Ouro, o Sultão ordenou a construção de uma estrada de rolagem ao norte de Pera, por onde os seus navios poderiam ser puxados por terra, contornando a barreira. Com os navios posicionados em uma nova frente, os bizantinos logo não teriam recursos para reparar suas muralhas. Sem escolha, os bizantinos se viram forçados a contra-atacar, e em 28 de abril tentaram um ataque surpresa aos turcos no Corno de Ouro, mas foram descobertos por espiões e executados. Os bizantinos então decapitaram 260 turcos cativos e arremessaram seus corpos sobre as muralhas do porto.
Bombardeados diariamente em duas frentes, os bizantinos raramente eram atacados pelos soldados turcos. Em 7 de maio o Sultão tentou um novo ataque ao vale do Lico, mas foi novamente repelido. No final do dia, os otomanos começaram a mover uma grande torre de assédio, mas durante a noite soldados bizantinos conseguiram destruí-la antes que fosse usada. Os turcos também tentaram abrir túneis por baixo das muralhas, mas os gregos cavavam do lado interno e atacavam de surpresa com fogo ou água.
A mão de obra estava sobrecarregada, os soldados cansados e os recursos escasseando, e o próprio Constantino XI coordenava as defesas, inspecionava as muralhas e reanimava as tropas por toda a cidade.


MAUS PRESSÁGIOS
A resistência de Constantinopla começou a ruir frente ao desânimo causado por uma série de maus presságios. Na noite de 24 de maio houve um eclipse lunar, relembrando aos bizantinos uma antiga profecia de que a cidade só resistiria enquanto a lua brilhasse no céu. No dia seguinte, durante uma procissão, um dos ícones da Virgem Maria caiu no chão. Logo em seguida, uma tempestade de chuva e granizo inundou as ruas. Os navios prometidos pelos venezianos ainda não haviam chegado e a resistência da cidade estava no seu limite.
Ao mesmo tempo, os turcos enfrentavam problemas. O custo para sustentar um exército de 100 mil homens era muito grande, e oficiais comentavam da ineficiência das estratégias do Sultão até então. Maomé II se viu obrigado a lançar um ultimato a Constantinopla: os turcos poupariam as vidas dos cristãos se o Imperador Constantino XI entregasse a cidade. Como alternativa, prometeu levantar o cerco se Constantino pagasse um pesado tributo. Com os tesouros vazios desde o saque feito pela Quarta Cruzada, Constantino foi obrigado a recusar a oferta, e Maomé lançou um ataque rápido e decisivo.


O ATAQUE FINAL
Maomé II ordenou que as tropas descansassem no dia 28 de maio para se prepararem para o assalto final no dia seguinte. Pela primeira vez em quase 2 meses não se ouviu o barulho dos canhões e das tropas em movimento. Para quebrar o silêncio e levantar o moral para o momento decisivo, todas as igrejas de Constantinopla tocaram seus sinos por todo o dia.
Durante a madrugada do dia 29 de maio de 1453, Maomé lançou um ataque total às muralhas, composto principalmente por mercenários e prisioneiros, concentrando o ataque no vale do Lico. Por duas horas, o contingente superior de mercenários europeus foi repelido pelos soldados bizantinos sob o comando de Giustiniani, providos de melhores armas e armaduras e protegidos pelas muralhas. Mas com as tropas cansadas, teriam agora que enfrentar o exército regular de 80 mil turcos.
O exército turco atacou por mais duas horas, sem vencer a resistência bizantina. Então abriram espaço para o grande canhão, que abriu uma brecha na muralha por onde os turcos concentraram seu ataque. Constantino XI em pessoa coordenou uma cadeia humana que manteve os turcos ocupados enquanto a muralha era consertada. O Sultão então lançou mão dos janízaros, que escalavam a muralha com escadas. Mas após mais uma hora de combates, os janízaros ainda não haviam conseguido entrar na cidade.
Com os ataques concentrados no vale do Lico, os bizantinos cometeram a desatenção de deixar o portão da muralha noroeste semi-aberto. Um destacamento otomano penetrou por ali e invadiu o espaço entre as muralhas interna e externa. Neste momento, o comandande Giustiniani fora ferido e havia sido retirado às pressas para um navio. Sem sua liderança, os soldados gregos lutaram desordenadamente contra os disciplinados turcos. Diz-se que no último momento, o Imperador Constantino XI desembainhou a espada e partiu para a luta, e nunca mais foi visto.
Giustiniani também viria a morrer mais tarde em virtude dos ferimentos na ilha grega de Quios, onde encontrava-se ancorada a prometida esquadra veneziana à espera de ventos favoráveis.


O SAQUE E O CONTROLE TURCO
Desesperados, os sobreviventes correram para suas casas a fim de salvar suas famílias. Muitos fugiram em navios, quando os marinheiros turcos viram que a cidade caíra e poderiam aproveitar para participar do butim. Os turcos saquearam e mataram o quanto puderam. A Catedral de Santa Sofia (também conhecida como Hagia Sophia), o coração de todo o cristianismo ortodoxo, viu-se repleta de refugiados à espera de um milagre que não aconteceu: os clérigos foram mortos e as freiras capturadas. Maomé II entrou na cidade à tarde em desfile triunfal e ordenou que a Catedral fosse consagrada como mesquita. Talvez por ter considerado a cidade por demais destruída, o Sultão ordenou o fim dos saques e da destruição no mesmo dia (contrariando a promessa de 3 dias de saques que fizera antes da guerra). Terminou com 50 mil presos, entre os quais soldados, clérigos e ministros. Este contingente bizantino recebeu autorização para viver na cidade sob a autoridade de um novo patriarca, Genádio, designado pelo próprio Sultão para se assegurar de que não haveria revoltas. Caía finalmente depois de mais de dez séculos a maçã de prata ou simplesmente Constantinopla, capital do emparedado Império Romano do Oriente.

IMPLICAÇÕES
A queda de Constantinopla teve grande impacto no Ocidente. Os cronistas da época confiavam na resistência das muralhas e achavam impossível que os turcos pudessem superá-las. Chegou-se a iniciar conversações para uma nova cruzada para liberar Constantinopla do jugo turco, mas nenhuma nação poderia ceder tropas naquele momento. Os próprios genoveses se apressaram a prestar respeitos ao Sultão, e assim puderam manter seus negócios em Pera por algum tempo.
Com Constantinopla - e todo o Bósforo, neste sentido - sob domínio muçulmano, o comércio entre Europa e Ásia declinara subitamente. Nem por terra nem por mar os mercadores cristãos conseguiriam passagem para as rotas que levavam à Índia e à China, de onde provinham as especiarias usadas para conservar alimentos, além de artigos de luxo, e para onde se destinavam suas mercadorias mais valiosas.
Desta forma, as nações européias iniciaram projetos para o estabelecimento de rotas comerciais alternativas. Portugueses e espanhóis aproveitaram sua posição geográfica junto ao Oceano Atlântico e à África para tentar um caminho ao redor deste continente para chegar à Índia (percurso percorrido com sucesso por Vasco da Gama entre 1497 e 1498). Já Cristóvão Colombo via uma possibilidade de chegar à Ásia pelo oeste, através do Oceano. Nesta empreitada, financiada pelos reis de Espanha, o navegador italiano alcançou, em 1492, o continente americano, dando início ao processo de ocupação do Novo Mundo. Com as Grandes Navegações, os dois países, outrora sem muita expressão no cenário político europeu, se tornaram no século XVI os mais poderosos do mundo, estabelecendo uma nova ordem mundial.




O DIA DE HOJE NO PASSADO

ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS
532 - Começa em Constantinopla a Revolta de Nika onde 30.000 revoltosos foram degolados por ordens do Imperador Justiniano I.
1750 - Feito o Tratado de Madri, documento que definiu grande parte do território brasileiro.
1767 - É fundada a cidade de Divinópolis em Minas Gerais
1825 - Confederação do Equador: Frei Caneca foi fuzilado.
1860 - A Colônia São Paulo de Blumenau é transferida para o Governo Imperial
1898 - Caso Dreyfus: o escritor Émile Zola expõe o escândalo ao público geral no jornal literário L'Aurore numa famosa carta aberta ao Presidente da República Félix Faure, intitulada J'accuse! (Eu acuso!)
1937 - Criação do Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro
1948 - Gandhi inicia um jejum em protesto contra as violênicas cometidas por indianos e paquistaneses.
1964 - A produtora Capitol Records lança nos Estados Unidos um compacto (single) com “I Want to Hold Your Hand” e “I Saw Her Standing There” do grupo britânico “The Beatles”.
1967 - Gnassingbé Eyadéma realiza outro golpe de estado no Togo
1972 - Henrique Costa Mecking (o Mequinho) torna-se o primeiro brasileiro Grande Mestre de xadrez.
1975 - Os responsáveis do CDS entregaram no Supremo Tribunal de Justiça a documentação necessária à legalização do Partido Popular.


NASCIMENTOS
1334 - Henrique II, rei de Castela (m. 1379).
1400 - João, Infante de Portugal, Condestável de Portugal (m. 1442).
1838 - André Rebouças, engenheiro brasileiro (m. 1898).
1842 - Franklin Távora, escritor brasileiro (m. 1888).
1864 - Wilhelm Wien, físico alemão (m. 1928).
1871 - Fernando Augusto Pereira da Silva, oficial da marinha, administrador colonial e Ministro da Marinha nos últimos governos da Primeira República (m. 1943).
1879 - Melvin Jones, fundador do Lions Internacional (m. 1961).
1885 - Manuel Amoroso Costa, matemático brasileiro (m. 1928).
1904 - Richard Addinsell, compositor inglês (m. 1977).
1924 - Paul Feyerabend, filósofo da ciência (m. 1994).
1927 - Sydney Brenner, biologista sul-africano vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 2002. 1936 - Renato Aragão, comediante brasileiro.
1964 - Penelope Ann Miller, atriz estadunidense.
1966 - Patrick Dempsey, ator americano, o Dr.Derek Shepherd do seriado Grey's Anatomy.
1970 - Marco Pantani, ciclista italiano (m. 2004).
1977 - Orlando Bloom, ator inglês.
1979 - Tinga, futebolista brasileiro, atualmente no Borussia Dortmund, da Alemanha.


FALECIMENTOS
86 a.C. - Gaius Marius, general e estadista romano (n. 156 a.C.).
47 a.C. - Ptolomeu XIII, rei egípcio (n. 63 a. C.).
888 - Carlos, o Gordo, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico (n. 832).
1691 - George Fox, fundador da Society of Friends, conhecida geralmente como os Quakers (n. 1624).
1724 - Bartolomeu de Gusmão, jesuíta brasileiro conhecido como "padre voador" (n. 1685).
1759 - José de Mascarenhas da Silva, nobre português, condenado à morte em virtude do conhecido Processo dos Távora (n. 1708).
1825 - Frei Caneca, herói da Confederação do Equador (fuzilado) (n. 1779).
1879 - Jakob Dubs, foi Presidente da Confederação suíça em 1864 (n. 1822).
1894 - William Waddington, político francês (n. 1826).
1906 - Alexander Stepanovich Popov, físico russo (n. 1859).
1912 - Marc-Emile Ruchet, foi Presidente da Confederação suíça em 1905 (n. 1853).
1916 - Victoriano Huerta, ex-presidente do México (n. 1850).
1929 - Wyatt Earp, lendário sheriff do oeste americano (n. 1848).
1941 - James Joyce, escritor (n. 1882).
1978 - Hubert H. Humphrey, ex-vice-presidente estadunidense (n. 1911).
1993 - Mozart Camargo Guarnieri, maestro e compositor clássico brasileiro (n. 1907).
1999 - Nelson Werneck Sodré, escritor, historiador e político brasileiro (n. 1911).

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

IMPÉRIO BIZANTINO - I

O Império Bizantino ou Reinado Bizantino (em grego: Βασιλεία ωμαίων), inicialmente conhecido como Império Romano do Oriente ou Reinado Romano do Oriente, sucedeu o Império Romano (cerca de 395) como o império e reinado dominante do Mar Mediterrâneo. Sob Justiniano I, considerado o último grande imperador romano, dominava áreas no atual Marrocos, Cartago, sul da França e da Itália, bem como suas ilhas, Península Balcânica, Anatólia, Egito, Oriente Próximo e a Península da Criméia, no Mar Negro. Sob a perspectiva ocidental, não é errado inserir o Império Bizantino no estudo da Idade Média, mas, a rigor, ele viveu uma extensão da Idade Antiga. Os historiadores especializados em Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros), no início do século IX. A sua regressão territorial gradual delineou a história da Europa medieval, e sua queda, em 1453, frente aos turcos otomanos, marcou o fim da Idade Média.


ORIGEM
O embrião do Império Bizantino surgiu quando o imperador romano Constantino I decidiu construir sobre a antiga cidade grega de Bizâncio uma nova capital para o Império Romano, temendo a queda do Império, mais próxima às rotas comerciais que ligavam o Mar Mediterrâneo ao Mar Negro, e a Europa à Ásia. Além disso, já havia algum tempo que Roma era preterida por seus imperadores que optavam por outras sedes de governo, em especial cidades mais próximas das fronteiras ou onde a pressão política fosse menor. Em geral, eles tendiam a escolher Milão, mas as fronteiras que estavam em perigo na época de Constantino eram as da Pérsia ao Leste e as do Danúbio ao norte, muito mais próximas da região dos estreitos. A nova capital, batizada de Constantinopla em homenagem ao Imperador, unia a organização urbana de Roma à arquitetura e arte gregas, com claras influências orientais. É uma cidade estrategicamente muito bem localizada, e sua resistência a dezenas de cercos prova a boa escolha de Constantino. Em pouco tempo, a cidade renovada tornar-se-ia uma das mais movimentadas e cosmopolitas de sua época. Sua religião, língua e cultura eram essencialmente gregas, e não romanas, mas para os bizantinos a palavra "grego" significava, de maneira injuriosa, "pagão". Os persas e os árabes também chamavam os bizantinos de "romanos". A palavra bizantino vem de Bizâncio, o antigo nome da capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla. O termo bizantino começou a ser utilizado somente depois do século XVII, quando os historiadores o criaram para fazer uma distinção entre o império da Idade Média e o da Antiguidade. Tradicionalmente, era conhecido apenas como Império Romano do Oriente (devido à divisão do Império feita pelo imperador romano Teodósio I, no século IV da Era Cristã).


IDENTIDADE, CONTINUIDADE E CONSCIÊNCIA
O Império Bizantino pode ser definido como um império formado por várias nações da Eurásia que emergiu como império cristão e terminou seus mais de 1000 anos de história em 1453 como um estado grego ortodoxo: o império se tornou nação. Nos séculos que seguiram às conquistas árabes e lombardas do século VII, esta natureza inter-cultural (assinalamos: não multinacional) permaneceu ainda nos Bálcãs e Ásia Menor, onde residia uma poderosa e superior população grega. Os bizantinos identificavam a si mesmos como romanos, e continuaram usando o termo quando converteu-se em sinônimo de helênico. Preferiram chamar a si mesmos, em grego, romioi (quer dizer povo grego cristão com cidadania romana), ao mesmo tempo que desenvolviam uma consciência nacional como residentes de Romania (Romania é como o estado bizantino e seu mundo foram chamados na sua época). O nacionalismo se refletia na literatura, particularmente nas canções e em poemas como o Akritias, em que as populações fronteriças (de combatentes chamados akritas) se orgulhavam de defender seu país contra os invasores. Ainda que os antigos gregos não fossem cristãos, os bizantinos os reclamavam como seus ancestrais. De fato, os bizantinos se referiam a eles mesmos como romioi por ser uma forma de reter tanto sua cidadania romana quanto sua herança ancestral grega. Um substituto comum do termo "heleno" (que tinha conotações pagãs) tanto como o de romioi, foi o termo graekos (grego). Este termo foi usado frequentemente pelos bizantinos (tanto como romioi) para sua auto-identificação étnica. A dissolução do estado bizantino no século XV não desfez imediatamente a sociedade bizantina. Durante a ocupação otomana, os gregos continuaram identificando-se como romanos e helenos, identificação que sobreviveu até princípios do século XX e que ainda persiste na moderna Grécia.


HISTÓRIA

EVOLUÇÃO
Entre o século III e o século V, o Império Romano viveu uma desastrosa crise nas suas estruturas. Nesse período, ocorreu um notável processo de concentração de terras no Oriente, em que os pequenos proprietários confiavam seus lotes à proteção de latifundiários, muitos dos quais, em função do prestígio, passavam a ocupar importantes cargos do governo. O Império Ocidental estava entrando na fase da economia de subsistência, devido à crise da economia escravista.
Já se destacava a estabilidade do Império no Oriente, o que levou Constantino a ordenar, em 324, a construção de uma nova cidade no lado europeu do Bósforo. A cidade foi erguida no local da antiga Bizâncio, colônia fundada por gregos de Mégara em 657 a.C. foi inaugurada com o nome de Constantinopla, em 330.
Constantinopla tinha uma posição privilegiada. Entre os mares de Mármara, Negro e Egeu, constituiu, ao longo de sua história, um verdadeiro entreposto comercial entre o Ocidente e o Oriente.

DINASTIAS LATINAS
Nesse período, os imperadores buscaram combater o helenismo, predominando as instituições latinas. O latim também foi mantido como língua oficial.
De 395 a 457, estendeu-se a dinastia Teodosiana, cujo primeiro imperador foi Arcádio, responsável pela expulsão dos visigodos no final do século IV. Destacou-se também o cerco de Átila, o Huno, afastado, em 443, por meio do pagamento de um resgate de seis mil libras de ouro.
De 457 a 518, estendeu-se a dinastia Leonina que foi deposta em 477 mais somente o Imperador Basilisco ou (Bizânico) e foi restaurada em 491 por Anastácio I um de seus herdeiros, na qual destacou-se, em 488, o acordo de combate aos hérulos levado a efeito entre o imperador Zenão I e o rei dos ostrogodos, Teodorico.
A mais importante dinastia latina foi a Justiniana (518-610). Nela, o imperador Justiniano I (527-565) buscou restaurar e dispor sob sua inteira autoridade a vastidão típica do Império dos Antoninos (96-192). Em 534, sob o comando do general Belisário, o exército de Justiniano conquistou o Reino dos Vândalos. Em 554, com a conclusão das Guerras Góticas, na Península Itálica, o Império abraçava também o Reino dos Ostrogodos.
Para a posteridade, porém, o maior legado desse período foi o Corpus Juris Civili, base, ainda hoje, da maioria dos códigos legislativos do mundo. O Corpus Juris Civili era dividido em quatro partes: o Código Justiniano - compilação de todas as leis romanas desde Adriano (117-138) -, o Digesto ou Pandectas - reunião de trabalhos de jurisprudência de grandes juristas -, as Institutas - espécie de manual que facilitava o uso do Código ou do Digesto -, e as Novelas ou Autênticas - novas leis decretadas por Justiniano e seus sucessores.
Justiniano ordenou também a construção da Basílica de Santa Sofia, com estilo arquitetônico próprio, o qual convencionou-se chamar de estilo bizantino.
No século VI, para combater a heresia do nestorianismo, o Patriarca de Alexandria, Dióscoro, desenvolveu o monofisismo, formulação teológica também condenada pela Igreja Católica e muito ligada a ideiais de emancipação política no Egito e na Síria. Desencadearam-se então movimentos de perseguição aos monofisistas, protegidos, no entanto, pela esposa de Justiniano, a atriz Teodora. Buscando manter a unidade do Império, Justiniano desenvolveu a heresia do monotelismo, uma tentativa de conciliação entre o monofisismo e o nestorianismo.
O cesaropapismo de Justiniano, que inclusive muito marcou o Império Bizantino, gerava distúrbios na ordem e insatisfação da população, já indignada com a cobrança abusiva de impostos. Em 532, estourava a Revolta de Nika, sufocada completamente pelo general Belisário após oito dias.
Justiniano ainda se viu às voltas com terremotos, fome e a grande peste de 544. Após sua morte, os lombardos, até então estabelecidos na Panônia como aliados, invadiram, em 568, a Itália setentrional. Os bizantinos mantiveram ainda o Exarcado de Ravenna, os ducados de Roma e Nápoles, a Ístria, a Itália Meridional e a Sicília.
Os Justinianos ainda enfrentaram as investidas do Império Persa Sassânida, no Oriente, e dos ávaros, no norte. Para tanto, deixaram para segundo plano a proteção dos territórios conquistados na Espanha, no norte da África e na Itália, o que facilitou a posterior fixação, nestas regiões, dos maometanos e dos Estados da Igreja.

DINASTIAS JULIO-CLAUDIANAS
De 477 a 491, a dinastia Julio-Claudiana, Nero I codinome , depois a dinastia de Leonina com a morte do Imperador Basilisco e com o pretexto de que foi proclamado rei pelo povo e abençoado pelos deuses, se tornou rei, mas foi deposto por Anastacio I.

APOGEU
Contudo, o Império sobreviveu, graças aos disciplinados exércitos, ao emprego do fogo grego nas batalhas marítimas e a bons imperadores e generais. Entre os séculos VII e IX desenvolveu-se o movimento iconoclasta, que condenava o culto das imagens. Vários imperadores iconoclastas enfrentaram problemas internos, resultantes de uma população que não aderia ao movimento religioso. Já contra os turcos, os imperadores deste tempo conseguiram manter seus territórios e se defender relativamente bem contra os inimigos.
Em 867 sobe ao trono Basílio I, dando início à Dinastia Macedônica, que levaria o Império ao auge. Muitas vitórias foram obtidas frente aos turcos, eslavos e búlgaros. Basílio II, que governou de 976 a 1025, iria completar a expansão do Império. Ele prejudicou os grandes proprietários rurais em favor dos camponeses e venceu de uma vez por todas a Bulgária, incorporando-a ao Império e recebendo a fama de Bulgaroctonos (Mata-Búlgaros). Vence os normandos em Canas e reestabelece a autoridade imperial na Puglia.

DECLÍNIO
A maré de sorte do Império, entretanto, parecia ter acabado. O imperador bizantino Diógenes IV foi vencido e capturado pelos turcos seljúcidas em Manzikert. Essa batalha marca a desintegração do sistema defensivo que durante séculos protegeu a Ásia Menor e a entrada dos turcos na península anatólica. Com isso o Império perde até um terço de sua população e recursos.
Por mais que a dinastia subseqüente, aquela dos Comneni, tente recuperar o Império, ataques do ocidente e do norte e a própria sorte dos imperadores impede isso. A Península Itálica estava definitivamente perdida. O declínio do Império veio acompanhado de uma subserviência comercial aos interesses ora da República de Veneza (com a qual o próprio Basílio II assinou um tratado), ora da República de Gênova, até que finalmente Veneza desvia a Quarta Cruzada para Constantinopla, que cai frente aos cruzados em 1204.
Três Estados com governantes bizantinos surgiram depois da primeira "queda" de Constantinopla:

  • O Império de Nicéia
  • O Despotado do Épiro
  • O Império de Trebizonda

Destes, é o Império de Nicéia que é considerado o verdadeiro sucessor. Governado por imperadores fortes e bons, se tornou a primeira potência territorial na Ásia Menor. A agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades na Europa foram recuperadas. Os Paleólogos, faltando com o seu juramento de lealdade, assassinaram o legítimo imperador e depuseram a dinastia dos Vatatzes-Laskaris. Miguel VIII Paleólogo fez uma aliança com Gênova (desnecessária) e conseguiu reconquistar a antiga capital do Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261.
Contudo a dinastia dos Paleólogos não conseguiu recuperar a antiga glória imperial. A retirada de tropas da Ásia para a defesa e reconquista da Europa abriu caminho para os vários emirados turcos, inclusive aquele dos Otomanos, se instalarem em antigos territórios do Império de Nicéia.
Sem os territórios asiáticos e com a colonização comercial de Veneza e Gênova, o destino do Império estava selado. Especialmente prejudicial era colônia genovesa de Pera, que, instalada de frente a Constantinopla, do outro lado do Chifre de Ouro, dominava o comércio local, importante para os bizantinos. Apesar de várias tentativas de obter apoio ocidental, culminando com a promessa de união entre a Igreja Católica Romana, com sede em Roma, e a Igreja Católica Ortodoxa, com sede em Constantinopla, no Concílio de Ferrara/Florença, poucos foram os resultados. A cruzada pregada pelo papado para o resgate da Nova Roma foi vencida pelos otomanos. A viagem do imperador João VIII ao Ocidente não rendeu frutos, apesar dele ter sido muito bem tratado nos reinos ocidentais.


OBSERVAÇÃO: Como o texto sobre a Queda de Constantinopla e muito extenso, será postado amanhã, dia 12/01/2008.


ARTE BIZANTINA
O termo arte bizantina refere-se à expressão artística de carácter religioso dos primórdios do cristianismo no Império Bizantino.

HISTÓRIA
Por volta do século IV, com a invasão dos povos bárbaros ao longo do Império romano, o imperador Constantino I transfere a capital do império para Bizâncio, antiga cidade grega renomeada mais tarde para Constantinopla. Neste local reúnem-se toda uma série de factores que impulsionam a ascensão da nova expressão artística.
O movimento vive o seu apogeu no século VI, durante o reinado do Imperador Justiniano I ao qual se sucede um período de crise denominado Iconoclastia e que consiste na destruição de qualquer imagem santa devido ao conflito político entre os imperadores e o clero.
A arte bizantina não se extingue, no entanto, quando da queda do Império romano do ocidente em 453, e permanece ainda nas regiões onde floresce a ortodoxia grega, estendendo-se à segunda metade do século XV e grande parte do século XVI. Este movimento chega mesmo a atravessar os limites territoriais do império bizantino, incluindo, por exemplo, os países eslavos.

INFLUÊNCIAS
A localização de Constantinopla permite à arte bizantina a absorção de influências vindas de Roma, da Grécia e do Oriente e a interligação de alguns destes diversos elementos culturais num momento de impulso à formação de um estilo repleto de técnica e cor.
A arte bizantina está intimamente relacionada com a religião, obedecendo a um clero fortalecido que possui, além das suas funções naturais, as funções de organizar também as artes, e que consequentemente relega os artistas ao papel de meros executores.
Também o imperador, assente num regime teocrático, possui poderes administrativos e espirituais. Sendo o representante de Deus na Terra, é convencionalmente representado com uma auréola sobre a cabeça e não é raro encontrar um mosaico onde esteja representado com a esposa ao lado da Virgem Maria e o Menino Jesus.

PINTURA
No século V, em Bizâncio, emergiu um novo império cristão que duraria mil anos, criando uma nova forma de arte, nascida do Cristianismo. Em Roma, nas antigas catacumbas cristãs, há uma série de murais que datam das perseguições aos cristãos nos séculos III e IV. São os primeiros exemplos de pintura no Período Bizantino.
No século IV, o imperador Constantino reconheceu o culto livre aos cristãos do Império Romano. A arte cristã primitivia evoluiu então para a arte bizantina. O mosaico foi a característica principal do período e suas características de criação influenciaram mais tarde a arte gótica. Os ícones também marcaram esta primeira etapa da arte bizantina.
Nos séculos VIII e IX, o mundo bizantino foi dilacerado pela questão iconoclasta, uma controvérsia sobre o uso de pinturas ou entalhes na vida religiosa. Toda representação humana que fosse realista poderia ser considerada uma violação ao mandamento de não adorar imagens esculpidas. O imperador Leão III proibiu qualquer imagem em forma humana de Cristo, da Virgem, santos ou anjos. Como resultado, vários artistas bizantinos migraram para o Ocidente. Em 843, a lei foi revogada.

MOSAICOS
O mosaico é a expressão máxima da arte bizantina e, não se destinando somente a decorar as paredes e abóbadas, serve também de fonte de instrução e guia espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem também os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é utilizado em abundância, pela sua associação a um dos maiores bens materiais: o ouro.

ARQUITETURA
A expressão artística do período influenciou também a arquitectura das igrejas. Elas eram planeadas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada rematada por diversas cúpulas, criando-se edifícios de grandes dimensões, espaçosos e profusamente decorados.
A Catedral de Santa Sofia é um dos grandes triunfos da técnica bizantina. Projectada pelos arquitectos Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto, ela possui uma cúpula de 55 metros apoiada em quatro arcos plenos. Esta técnica permite uma cúpula extremamente elevada a ponto de sugerir, por associação à abóbada celeste, sentimentos de universalidade e poder absoluto. Apresenta pinturas nas paredes, colunas com capitel ricamente decorado com mosaicos e chão de mármore polido.

ESCULTURA
Este gosto pela decoração, aliado à aversão do cristianismo pela representação escultórica de imagens (por lembrar o paganismo romano), faz diminuir o gosto pela forma e consequentemente o destaque da escultura durante este período. Os poucos exemplos que se encontram são baixos-relevos inseridos na decoração dos monumentos.

OBSERVAÇÃO: Esta postagem continua amanhã, dia 12/01/2008.


O DIA DE HOJE NO PASSADO

ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS
630 -
O profeta e fundador do Islamismo, Maomé, destrói os ídolos do santuário de Kaaba em Meca.
1580 - Iniciadas as Cortes de Almeirim que questionam o direito da nomeação de sucessor ao trono de Portugal.
1610 - Galileu Galilei descobre Ganímedes, satélite de Júpiter.
1689 - O Parlamento de Inglaterra depõe o rei Jaime II.
1787 - O alferes Antônio José da Costa segue em viagem de desbravamento em direção a Lages cruzando o Rio Imaruí.
1861 - Guerra civil americana: O Alabama separa-se da União.
1866 - Naufraga no Golfo de Viscaya o barco de passageiros inglês London. Morreram afogadas 220 pessoas.
1890 - Ultimato britânico de 1890: os ingleses intimam Portugal a retirar suas tropas do território compreendido entre Moçambique e Angola incluídos no conhecido Mapa cor-de-rosa.
1913 - Proclamação da independência do Tibete.
1916 - Os russos conquistam Erzurum, capital da Armênia turca.
1918 - A Assembléia de Deus, maior denominação evangélica do mundo, é oficialmente registrada, em Belém do Pará, no Brasil.
1920 - Navio francês que viajava para a África afunda perto de La Rochelle com 553 pessoas a bordo.
1922 - Pela primeira vez a insulina é utilizada em humanos para o tratamento de diabetes. O paciente é um canadense de 14 anos.
1929 - É implantada na URSS a jornada de trabalho de 7 horas.
1934 - Nathan Homer Knorr eleito membro da Directoria da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova Iorque, Inc.
1935 - Amelia Earhart é a primeira pessoa a fazer um vôo solo do Havaí à Califórnia.
1942 - Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão declara guerra à Holanda.
1946 - Enver Hoxha proclama a República Popular da Albânia após a queda do rei Zog.
1954 - Primeira reunião entre soviéticos e americanos sobre a proibição de armas atômicas.
1957 - Chuvas torrenciais na ilha de Palma ocasionam a morte de 28 pessoas, vários feridos e grandes perdas econômicas.
1959 - Forças do Vietnã do Norte invadem o Laos.
1960 - Começa a construção, no Egito, da gigantesca represa de Assuã, no Rio Nilo.
1962 - Inauguração do Concílio Vaticano II, que atualizou estruturas e doutrinas da Igreja Católica.
1963 - A primeira discoteca do mundo foi inaugurada nos Estados Unidos. Seu nome era The Whisky-a-gogo.
1964 - O Panamá corta relações diplomáticas com os Estados Unidos. As negociações entre os dois países sempre foram conturbadas por causa do uso do canal, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico.
1966 - Começa no Rio de Janeiro uma chuva que dura 72 horas ininterruptas. A cidade fica em estado de calamidade pública e 200 pessoas morreram.
1969 - Dom Gabriel, sem deixar o cargo de Bispo de Jundiaí, toma posse e governou a Diocese de Bragança Paulista até 7 de Março de 1971.
1973 - Editado o novo Direito Processual Civil brasileiro.
1976 - Uma junta militar composta por três homens toma o poder do presidente Guillermo Rodriguez Lara no Equador.
1977 - A França causa polêmica ao libertar Abu Daoud, um palestino suspeito do massacre de atletas israelenses nas Olimpíadas de 1972.
1982 - Andaluzia e Astúrias se tornam comunidades autônomas.
1984 - Exibição de mísseis soviéticos SS-20, de alcance médio, na Alemanha Oriental.
1984 - Salvador Dali anuncia a criação da Fundação Gala-Salvador Dali e a doação de 621 obras suas.
1987 - A Europa passa por um inverno muito rigoroso. Em uma semana, o frio faz 70 vítimas, 49 delas na URSS.
1989 - Um acordo assinado entre 140 países na Convenção para a Proibição de Armas Químicas acaba com esse tipo de armamento. A prática, no entanto, só passa a vigorar em 1997.
1991 - Tropas soviéticas invadem prédios em Vilna, capital da Lituânia, para impedir um movimento de independência no país.
1994 - Com o fim do Pacto de Varsóvia e a fusão da OTAN em reunião havida em Bruxelas, governos envolvidos criam a Associação para a Paz, que integrará os países do extinto Pacto de Varsóvia.
1994 - O governo irlandês anuncia o fim da censura ao movimento terrorista IRA e seu braço político, o Sinn Fein.
1996 - O parlamento japonês elege Ryutaro Hashimoto como seu novo primeiro-ministro.
1996 - O primeiro-ministro da Itália, Lamberto Dini, anuncia a sua renúncia.
2006 - Pesquisas adiantam que o provável substituto de Ariel Sharon, seja Ehud Olmert, do Kadima, mesmo partido fundado por Sharon.
2006 - Evo Morales visita o bispo sul-africano Desmond Tutu.
2006 - Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti: o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília divulga laudo no qual o general Bacellar cometera suicídio.

NASCIMENTOS
1359 -
Go-Kameyama, 99º imperador do Japão.
1788 - William Thomas Brande, químico britânico (m. 1866)
1815 - John Alexander Macdonald, Primeiro-ministro do Canadá (m. 1891)
1842 - William James, filósofo e psicólogo estadunidense (m. 1910)
1864 - Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, um dos primeiros homens a voar num balão (m. 1902)
1890 - Oswald de Andrade, escritor modernista brasileiro (m. 1954)
1905 - Manfred B. Lee, escritor norte americano (estadunidense) (m. 1971)
1906 - Albert Hofmann, cientista suíço, e conhecido como o "pai" do LSD
1923 - Jacqueline Maillan, actriz francesa (m. 1992) / Stanislaw Ponte Preta, escritor brasileiro (m. 1968)
1924 - Roger Guillemin, endocrinologista francês
1926 - Aaron Klug, lituano e Nobel da Química
1934 - C.A.R. Hoare, cientista da computação britânico
1934 - Jean Chrétien, advogado e 20º Primeiro-Ministro do Canadá
1935 - Gerson Coutinho da Silva, radialista brasileiro (m. 1981)
1942 - Joel Zwick, diretor de cinema estadunidense.
1945 - António Homem Cardoso, fotógrafo, escritor português
1945 - Geraldo Azevedo, compositor, cantor e violonista brasileiro
1946 - Stuart Angel Jones, professor e estudante brasileiro-estadunidense (m. 1971, torturado político)
1948 - Al Berto, poeta e editor português (m. 1997)
1958 - Gil Jardim, músico brasileiro
1960 - Stanley Tucci, ator estadunidense
1964 - Patrícia Pillar, atriz brasileira
1969 - Maurício Lopes, DJ brasileiro
1971 - Mary J. Blige, cantora de soul/R&B norte-americana
1972 - Amanda Peet, atriz estadunidense
1974 - Jens Nowotny, futebolista alemão
1979 - Michael Duff, futebolista irlandês
1980 - Geovanni Deiberson Maurício, futebolista brasileiro do clube Sport Lisboa e Benfica
1983 - Adrian Sutil, automobilista alemão
1984 - Milena Toscano, atriz brasileira

FALECIMENTOS
314 -
Papa Melquíades, o 32º papa.
705 - Papa João VI, o 85º papa.
844 - Papa Gregório IV, o 102º papa.
1801 - Domenico Cimarosa, compositor italiano (n. 1749)
1882 - Theodor Schwann, biólogo alemão (n. 1810)
1900 - José Antônio Pereira, desbravador brasileiro, fundador da cidade de Campo Grande. (n. 1825)
1989 - José Luis Bustamante y Rivero, foi presidente do Peru (n. 1894).
1941 - Emanuel Lasker, jogador de xadrez e matemático alemão (n. 1868)
1950 - Karin Michaëlis, escritora dinamarquesa (n. 1872)
1966 - Alberto Giacometti, artista plástico suíço (n. 1901)
1988 - Isidor Isaac Rabi, físico estadunidense (n. 1889)
1991 - Carl David Anderson, físico estadounidense (n. 1905)
1996 - Ênio Silveira, sociólogo brasileiro (n. 1925)
2003 - Jorge Lafond, ator, transformista e comediante brasileiro (n. 1953).
2004 - Xenofón Zolótas, foi primeiro-ministro da Grécia (n. 1904).
2005 - Fabrizio Meoni, motociclista de enduro italiano (n. 1957)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

GRÉCIA ANTIGA - II


A CULTURA DA GRÉCIA ANTIGA
Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas muitos elementos culturais em comum. Falavam a mesma língua (apesar dos diferentes dialetos e sotaques) e tinham religião comum, que se manifestava na crença nos mesmos deuses. Em função disso, reconheciam-se como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros os estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes, ou seja, os povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).


EDUCAÇÃO EM ATENAS

Em Atenas, apesar de as mulheres também serem educadas para as tarefas de mãe e esposa, a educação era tratada de outra forma, pois até mesmo nas classes mais pobres da sociedade ateniense encontrava-se homens alfabetizados. Eles eram instruídos para cuidarem não só da mente como também do corpo, o que lhes dava vantagem na hora da guerra, pois eram tão bons guerreiros quanto eram estrategistas.
  • PAIDEIA: Inicialmente, a palavra paidéia (de paidos - criança) significava simplesmente "criação de meninos". Mas, como veremos, este significado inicial da palavra está muito longe do elevado sentido que mais tarde adquiriu.

    O termo também significa a própria cultura construída a partir da educação. Era o ideal que os gregos cultivavam do mundo, para si e para sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado pelos gregos, a Paidéia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom tanto como governado quanto como governante. O objetivo não era ensinar ofícios, mas sim treinar a liberdade e nobreza. Paidéia também pode ser encarada como o legado deixado de uma geração para outra na sociedade.

    Um pedagogo - um escravo, na época - conduzia o jovem, com sua lanterna ilumina(dor)a, até aos centros ou assembléias, onde ocorriam as discussões que envolviam pensamentos críticos, criativos, resgates de cultura, valorização da experiência dos anciãos etc.

    Supõe-se que, no processo sócio-histórico, esse mesmo pedagogo libertou-se, talvez de tanto dialogar nos acompanhamentos do jovem até as assembléias, tornando-se um personagem da paidéia, e seu consuma(dor).

    Mas, se até então o objectivo fundamental da educação era a formação aristocrática do homem individual como Kalos agathos ("Belo e Bom"), a partir do século V a. C., exige-se algo mais da educação. Para além de formar o homem, a educação deve ainda formar o cidadão. A antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente.

    É então que o ideal educativo grego aparece como paidéia, formação geral que tem por tarefa construir o homem como homem e como cidadão. Platão define paidéia da seguinte forma "(...) a essência de toda a verdadeira educação ou paidéia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento" (cit. in Jaeger, 1995: 147)

    Do significado original da palavra paidéia como criação de meninos, o conceito alarga-se para, no século IV a.C., adquirir a forma cristalizada e definitiva com que foi consagrado como ideal educativo da Grécia clássica.

    Como diz Jaeger (1995), os gregos deram o nome de paidéia a "todas as formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina, cultura." Daí que, para traduzir o termo paidéia "não se possa evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os gregos entendiam por paidéia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995: 1).

    Na sua abrangência, o conceito de paideia não designa unicamente a técnica própria para, desde cedo, preparar a criança para a vida adulta. A ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além dos anos escolares.

    A paidéia, vem por isso a significar "cultura entendida no sentido perfectivo que a palavra tem hoje entre nós: o estado de um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as suas virtualidades, o do homem tornado verdadeiramente homem" (Marrou, 1966: 158).


JOGOS OLÍMPICOS
Um exemplo de atividade cultural comum entre os gregos foram os Jogos Olímpicos. A partir de 776 a.C., de quatro em quatro anos, os gregos das mais diversas cidades reuniam-se em Olímpia para a realização de um festival de competições. Esse festival ficou conhecido como Jogos Olímpicos. Os jogos olímpicos eram realizados em honra a Zeus (o mais importante deus grego) e incluíam provas de diversas modalidades esportivas: corridas, saltos, arremesso de disco, lutas corporais. Além do esporte havia também competições musicais e poéticas.

Os Jogos Olímpicos eram anunciados por todo o mundo grego dez meses antes de sua realização. Os gregos atribuíam tamanha importância a essas competições que chegavam a interromper guerras entre cidades (trégua sagrada) para não prejudicar a realização dos jogos. Pessoas dos lugares mais distantes iam a Olímpia a fim de assistir aos jogos. Havia, entretanto, proibição à participação das mulheres, seja como esportistas, seja como espectadoras.

Os atletas que participavam das competições eram respeitados pelos gregos em geral. O prêmio para os vencedores era apenas uma coroa feita com ramos de oliveira colhidos num bosque consagrado a Zeus. Mas a sua glória era imensa. As cidades recepcionavam os vitoriosos com festas e homenagens. Poetas, como Píndaro, faziam poemas em sua homenagem, e o governo erguia-lhes estátuas.

Os Jogos Olímpicos da Idade Antiga foram celebrados até 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio, que era cristão, mandou fechar o templo de Zeus em Olímpia, para combater cultos não-cristãos. Quinze séculos depois o educador francês Pierre de Fredy, o barão de Coubertin (1836-1937), empreendeu esforços para restaurar os Jogos Olímpicos. Sua "causa" obteve simpatia e adesão internacionais. Em 1896, foram realizados em Atenas os primeiros Jogos Olímpicos da época contemporânea. As atuais Olimpíadas, também realizadas de quatro em quatro anos, reunindo atletas de diversos países do mundo, procuram preservar o ideal de unir os povos por meio do esporte.


A ARTE DA GRÉCIA ANTIGA
Um dos mais expressivos monumentos do período antigo é o Partenon, templo com colunasdóricas, construído entre 447 e 438 a.C. na acrópole de Atenas, e dedicado à padroeira da cidade, Athenea Párthenos. A construção foi projetada pelos arquitetos Calícrates e Ictinos, e é comandada por Fídias. Suas linhas arquitetônicas serviram de inspiração para a construção de muitos outros edifícios em todo o mundo.

Por arte da Grécia antiga compreende-se as manifestações culturais de arte e arquitetura daquele país desde o início da Idade do Ferro (século XI a.C.) até o final do século I a.C. Antes disso (Idade do Bronze), a arte grega do continente e das ilhas (excetuando-se Creta, onde havia uma tradição diferente chamada arte minóica) é conhecida como arte micênica, e a arte grega mais tardia, chamada helenística, é considerada integrante da cultura do Império Romano (arte romana).

Os gregos, inicialmente um conjunto de tribos relativamente autônomas que apresentavam fatores culturais comuns, como a língua e a religião, instalaram-se no Peloponeso nos inícios do primeiro milênio antes de Cristo, dando início a uma das mais influentes culturas da Antiguidade.

Após a fase orientalizante (de 1100 a 650 a.C.), cujas manifestações artísticas foram inspiradas pela cultura mesopotâmica, a arte grega conheceu um primeiro momento de maturidade durante o período arcaico, que se prolongou até 475 a.C. Marcado pela expansão geográfica, pelo desenvolvimento econômico e pelo incremento das relações internacionais, assistiu-se nesta altura à definição dos fundamentos estéticos e formais que caracterizarão as posteriores produções artísticas gregas.

Após as guerras com os Persas, a arte grega adquiriu maior independência em relação às outras culturas mediterrânicas e expandiu-se para todas as suas colônias da Ásia Menor, da Sicília e de Itália (conjunto de territórios conhecidos por Magna Grécia).

Protagonizado pela cidade de Atenas, sob o forte patrocínio de Péricles, o último período artístico da Grécia, conhecido por Fase Clássica, estendeu-se desde 475 a.C. até 323 a.C., ano em que o macedônico Alexandre Magno conquistou as cidades-estados do Peloponeso.

As manifestações artísticas gregas, que conheceram grande unidade ideológica e morfológica, encontraram os seus alicerces numa filosofia antropocêntrica de sentido racionalista que inspirou as duas características fundamentais deste estilo: por um lado a dimensão humana e o interesse pela representação do homem e, por outro, a tendência para o idealismo traduzido na adoção de cânones ou regras fixas (análogas às leis da natureza) que definiam sistemas de proporções e de relações formais para todas as produções artísticas, desde a arquitetura à escultura.


ARQUITETURA GREGA
A arquitetura grega apresenta uma história igualmente longa e característica. Os gregos edificaram os seus primeiros templos no século VII a.C., influenciados pelas plantas das casas micênicas que apresentavam uma sala central rodeada de colunas. Os primeiros templos eram pequenas construções na forma de cabanas, feitas de madeira, cascalho ou tijolos de barro, algumas vezes com telhado de folhas. Os templos com colunas de pedras são raros antes do século VI a.C. A partir dai, os gregos concentraram as suas pesquisas estruturais num único sistema: o trílito (formado por dois pilares de apoio e por um elemento horizontal de fecho).

Na arquitetura, as formas variavam pouco de região para região. Os templos eram construídos com linhas retas retangulares, sem arcos nem abóbodas. O projeto era simples: uma construção de forma padronizada retangular sobre uma base ou envasamento de geralmente três degraus, com colunas no pórtico, na extremidade oposta ou em todos os seus lados e o entablamento de remate. O núcleo do templo era uma zona fechada, formada por uma ou mais salas, onde era colocada a estátua do deus. Este espaço era envolvido por pórticos com colunas que suportavam a cobertura de duas águas, construída normalmente em madeira e rematada por dois frontõestriangulares. Sendo as cerimônias realizadas ao ar livre, os arquitectos gregos preocuparam-se mais com a sua imagem exterior do que com o espaço interior, reservado aos sacerdotes. As estátuas e as paredes dos templos eram, muitas vezes, desenhadas, mas nada dessa arte chegou até nós.

Apesar da quase total normalização da forma do templo, existiram algumas exceções, como o templo de planta circular, designado por tholos, ou a substituição das colunas por estátuas femininas (cariátides) no pórtico lateral do Erectéion, outro dos templos erguidos na Acrópole de Atenas.

Os gregos não usavam o arco; suas construções, para produzirem efeito, dependiam dos fortes contrastes entre luz e sombra nas superfícies horizontais e verticais. Figuras esculpidas preenchiam o frontão de cada extremidade da construção e relevos apareciam nas vigas apoiadas pelas colunas. A escultura normalmente evocava a história de um deus ou herói do lugar. Frontões apresentando elaboradas cenas de ação foram encontrados nos templos de Egina (início do século V a.C.), Olímpia e no Partenon (meados do século V a.C.). Nos relevos, os artistas precisavam esculpir, em planos diferenciados por poucos centímetros, figuras que avançavam e recuavam no espaço. Este efeito foi brilhantemente alcançado no friso do Partenon de Atenas, onde cavaleiros são apresentados em grupos.

Este esquema tipológico foi concebido como um modelo que se repetiu indefinidamente por todo o território grego, assumindo algumas variações que dependiam fundamentalmente do sistema formal adotado. Na arte grega foram desenvolvidos três sistemas formais: a ordem dórica, a jônica e a coríntia. A ordem dórica era a mais simples. A jônica, mais esbelta, tinha um capitelvolutas. A ordem coríntia, que surge somente na época clássica, era ainda mais esbelta e ornamentada, sendo famosa pelo seu alto capitel em forma de sino invertido, decorado com folhas de acanto. No período arcaico eram usados os estilos dórico e jônico. O estílo coríntio apareceu mais tarde. O Pártenon e o Templo de Teseu são de estílo dórico. O Erectéion e o Templo de Atena Nike, ambos erguidos em Atenas, são de estilo jônico. decorado por duas

Os templos da Acrópole de Atenas, construídos no século V, representam o apogeu da arquitetura grega. O Parténon, reconstruído em 447 a.C., tornou-se no mais importante templo dórico da Grécia.

Outra das mais importantes invenções da arquitetura grega foi o teatro, geralmente construído na encosta duma colina, aproveitando as características favoráveis do terreno para ajustar as bancadas semicirculares. No centro do teatro ficava a orquestra, e ao fundo a cena, que funcionava como cenário fixo. Dos muitos teatros construídos pelos gregos destaca-se o famoso Teatro do Epidauro.


ARTES PLÁSTICAS GREGAS

A principal característica das artes plásticas gregas está no fato de serem essencialmente públicas, pois era o Estado que patrocinava as obras como fontes, praças, templos, etc. Mesmo quando encomendadas por particulares, eram freqüentemente expostas em locais públicos. Nas artes plásticas, evidencia-se a combinação do naturalismo (detalhes dos corpos, como, por exemplo, o vigor dos músculos) com a severidade e a regularidade do estilo.

Foram poucas as esculturas gregas que sobreviveram ao tempo. As obras atualmente conhecidas são cópias realizadas durante o período romano. Estatuetas de bronze sólido, retratando homens e especialmente cavalos, constituem os exemplos mais remotos de escultura grega.

As primeiras estátuas de pedra, quase do tamanho humano, datam de 650 a.C; são pesadas e unidimensionais. No início deste "período arcaico", o escultor representava superficialmente as feições e músculos, evitando cortar a pedra com profundidade. As estátuas do período arcaico revelam evidentes filiações na arte mesopotâmica, na arte egípcia e na arte da Ásia Menor. Nesta fase houve dois tipos de estátuas que tiveram especial divulgação: o Kouros e a Koré , a figura masculina e a feminina, respectivamemente, em pé, numa pose de grande rigidez e frontalidade. Naquela época as esculturas deveriam ter figuras masculinas nuas, eretas, em rigorosa posição frontal e com peso do corpo igualmente distribuido entre as duas pernas.

Os escultores do século VI e início do V a.C. estudaram as formas do corpo, elaborando gradualmente suas proporções. Na Grécia os artistas não estavam submetidos a convenções rígidas, pois as estátuas não tinham uma função religiosa, como no Egito. A escultura se desenvolveu livremente, tanto que as estátuas passaram a apresentar detalhes em todos os ângulos de vista, em vez de apenas no plano frontal. Nessa postura de procura de superação da rígidez das estátuas, o mármore mostrou-se um material inadequado: era pesado demais e se quebrava sob seu próprio peso, quando determinadas partes no corpo não estavam apoiadas. A solução para esse problema foi trabalhar com um material mais resistente. Começaram então a fazer esculturas em bronze, pois esse metal permitia ao artista criar figuras que expressassem melhor o movimento. As estátuas eram pintadas durante todo o período grego. Muitas delas, enterradas nas ruínas depois que os persas saquearam a Acrópole de Atenas, em 480 a.C., foram encontradas com a coloração preservada.

Às vitórias sobre os persas, no início do século V a.C., seguiu-se um estilo sombrio e grandioso, cuja expressão característica se encontra nas esculturas de Olímpia. Foi uma época de crescente naturalismo, durante a qual o escultor, seguro de seu domínio das formas humanas, começou a representar todos os tipos de ação. Um exemplo clássico é o Discóbolo de Míron, uma estátua de um atleta atirando o disco, executado por volta de 450 a.C. originalmente em bronze, mas sobreviveu apenas em cópias romanas em mármore. Na verdade, a maioria dos escultores deste período trabalhava com bronze fundido, oco, mas não perduraram as obras produzidas até o século V a.C. Poucos exemplares de tamanho natural sobreviveram, salvo cópias, mas existe um, de autor desconhecido, que deve estar entre os maiores: é o chamado deus do cabo Artemísio, e representa talvez Zeus ou Poseidon. Foi encontrado no fundo do mar, perto do cabo Artemísio, datando por volta de 470-460 a.C.

Fídias foi o mais importante escultor clássico. Foi protegido por Péricles para realizar em Atenas numerosos trabalhos. Entre 445 e 432 a.C., Fídias esculpiu as duas famosas e desaparecidas estátuas de Atena para o Partenon, além do Zeus de Olímpia. Elas são conhecidas apenas através de cópias e de descrições posteriores. Eram obras colossais, com adornos de marfim e ouro. As esculturas do Partenon mostram a grandeza do estilo e do desenho de Fídias, sua força esplendorosa, delicadeza e sutileza. Deve-se a este artista, ainda, os enormes frisos desse templo, actualmente expostos em Londres. Seu contemporâneo, Policleto de Argos, por volta de 440 a.C., esculpiu a estátua de um jovem empunhando uma lança, nas proporções que considerava ideais para a figura humana: o Doríforo, ou portador de lanças. Deixou também a estátua Diadúmeno. Míron, nascido em Elêuteras, na Beócia, rival de Polícleto, é o autor do célebre Discóbolo. Era perito em reproduções de animais, sendo famosa a Vaca de Míron.

No século V a.C., a emoção começou a tomar conta da figura completa e não apenas da sua face, que geralmente apresentava um semblante calmo. Os escultores do século IV a.C., como Escopas de Paros, esforçaram-se para representar o intelecto e a emoção através das feições do rosto, o que levou ao desenvolvimento dos retratos. Os primeiros idealizavam o modelo, representando mais um tipo do que um indivíduo. O caimento das roupas tornou-se dramático, com dobras onduladas complexas para obtenção de efeitos de luz e sombra, além de indicar as diferentes texturas. O corpo humano era suave e gracioso, mas faltava-lhe a força e a dignidade das obras anteriores. Essa última fase do período clássico assistiu às melhores criações de Lísipo e Praxíteles. Pode-se observar essas mudanças nas obras de Praxíteles (meados do século IV a.C.), que trabalhou principalmente com mármore. Salientam-se as famosas estátuas de Hermes e Dionísio Menino (330 a.C.) e a Afrodite de Cnidus, de 350 a.C.. Lísipo, autor do Apoxiomenos, foi um dos derradeiros escultores clássicos, tornando-se num dos principais representantes do estilo helenístico.


PINTURA GREGA
A pintura na Grécia Antiga começou como ornamento da arquitetura. Não era raro encontrar painéis pintados decorando paredes. Entretanto, foi na cerâmica que a pintura grega mais se destacou, tornando-se indissociáveis.

São famosos os vasos de cerâmica, usado para o transporte e armazenamento de líquidos e mantimentos, entre outros, harmoniosamente decorados. Os gregos nunca faziam vasos com propósitos simplesmente decorativos: sempre tinham em mente um propósito. Era uma arte utilitária. As ânforas panatenaicas, usadas como troféus nos jogos eram exceções a essa regra. A maioria dos ceramistas e pintores são geralmente identificados por seu estilo (Pintor de Berlim, etc..), visto que poucas obras eram assinadas pelos autores.

Percebe-se nas pinturas gregas de vasos a preocupação com a anatomia, pois o corpo humano foi um dos principais temas da arte grega. O modo de ver o corpo humano dos egípios era radicalmente oposto à visão da Pintura do Antigo Egito.

Das pinturas murais pouco restou, exceto algumas em tumbas dos séculos IV e III a.C., especialmente em Virgínia, na Macedônia.

PINTURA NA CERÂMICA GREGA
A história da pintura dos vasos gregos pode ser dividida estilisticamente em:

  • Estilo Protogeométrico – de aproximadamente 1050 a.C.;
  • Estilo Geométrico – de aproximadamente 900 a.C.;
  • Estilo Arcaico – de aproximadamente 750 a.C.;
  • Pinturas negras – do aproximadamente entre 700 a 600 a.C;
  • e Pinturas vermelhas – de aproximadamente 530 a.C..

Durante os períodos Protogeométrico e Geométrico a cerâmica grega foi decorada com projetos abstratos. Exemplos de obras deste período podem ser encontradas no sítio arqueológico de Lefkandi e no cemitério de Dypilon, em Atenas. Em períodos posteriores, com a mudança estética os temas mudaram, passando a ser figuras humanas. A batalha e cenas de caçada também eram populares. Em períodos posteriores, temas eróticos, tanto homossexual quanto heterossexual, tornaram-se comum.

Como na escultura, no Período Arcaico a pintura grega lembrava a egípcia, com todos os símbolos e detalhes usados de forma a simplificar o desenho, como os pés sempre de lado (são mais difíceis de serem desenhados vistos de frente) e os rostos de perfil com o olho virado para a frente (os olhos também eram complicados de se desenhar de perfil), além da firmeza e do equilíbrio comum a esta.

As pinturas representavam o cotidiano das pessoas e cenas mitológicas, como deuses e semideuses. A pintura grega de vasos basicamente conta histórias. Muitos vasos trazem episódios das aventuras contadas por Homero em sua Ilíada e Odisséia.

PINTURAS NEGRAS
Exéquias foi considerado o maior pintor de pinturas negras. Outros também se destacaram, como Cleitias e Sófilos). Neste tipo de cerâmica, os personagens da ânfora são pintados de preto, permanecendo o fundo com a cor natural da argila. Essas são as chamadas figuras negras. Após a pintura o contorno e o interior do desenho eram riscados com uma ferramenta pontiaguda, de forma que a tinta preta fosse retirada.

PINTURAS VERMELHAS
Em 530 a.C. ocorreu uma revolução na pintura de cerâmicas, surgindo as pinturas vermelhas. Um discípulo de Exéquias, o Pintor de Adokides, decidiu inverter o esquema de cores, ficando o fundo preto com as figuras da cor vermelha do barro cozido. Era uma cópia no antigo padrão, com praticamente os mesmos detalhes, mas com as cores invertidas. O Grupo Pioneiro, que usava a pintura vermelha, era composto de alguns dos melhores ceramistas da Grécia, tais como Eufrônio e Eutimidas. Com a evolução da técnica, surgiram várias escolas diferentes, cada uma delas com um estilo distinto: Pintor de Berlim, Pintor de Cleofrades, Douris, Onesimos, Pintor de Aquiles, Pintor de Niobid, Polignoto, Pintor de Cleofon. A última fase deste estilo é representada pelo Pintor de Meidias.

A produção de vasos em Atenas parou em cerca de 330 a.C. possivelmente devido ao controle de Alexandre, o Grande pela cidade. Contudo, a produção continuou em colônias gregas do sul da Itália.

GRÉCIA CLÁSSICA
O pintor mais significativo do período clássico primitivo (c. 475-450 a.C.) é Polignoto, considerado o primeiro a dar vida e caráter à arte da pintura. Nenhuma das pinturas de PolignotoPlínio deixou uma descrição de seu Discóbulo. Entre as pinturas gregas remanescentes do século IV a.C., a mais notável é O rapto de Perséfone, na parede de uma tumba do mesmo complexo funerário onde foi sepultado Filipe II da Macedônia, que morreu em 356 a.C.
chegou até nós, mas

A pintura grega desapareceu em grande parte, não restando hoje mais do que reduzidos vestígios. Restou pouco dos grandes murais gregos, exceto algumas notáveis pinturas de tumbasIII a.C., especialmente em Vergina, na Macedônia. Encontra-se, no entanto, alguma produção pictórica nas decoração de objectos utilitários, como vasos. dos séculos IV e

A produção de vasos decorados com figuras pretas, em forma de silhueta, associando motivos geométricos ou vegetalistas foi iniciada em Corinto, no século VII a.C. Mais tarde, durante a época clássica, Atenas assumiu-se um dos principais centros exportadores destes objetos, definindo uma tipologia diferente, na qual as superfícies dos vasos se tornam pretas, sendo as figuras pintadas em dourado (ou, mais raramente, em vermelho).

Embora não tenham ficado traços da obra de artistas como Zêuxis, sua influência pode ser acompanhada através de pinturas em vasos, praticada por artistas de grande habilidade.


OUTROS TIPOS DE ARTES PLÁSTICAS

Relevos em pedras semipreciosas atingiram a perfeição com o trabalho de Dexamenos no final do século IV e jóias bastante refinadas foram encontradas no sul da Itália (Magna Grécia) e no sul da Rússia.


O LEGADO DA ARTE GREGA
A arte grega não acabou com a conquista romana e mesmo com a transição do período antigomedieval, ela se desenvolveu como arte helenística e, depois, como arte bizantina, constituindo a base da arte na Europa ocidental. Sua influência duradoura se deve à racionalidade e ao equilíbrio, à sua tendência em privilegiar a estética do humano e da beleza.

O DIA DE HOJE NO PASSADO

ACONTECIMENTOS HISTÓRICOS

  • 630 - O profeta e fundador do Islamismo, Maomé, destrói os ídolos do santuário de Kaaba em Meca.
  • 1580 - Iniciadas as Cortes de Almeirim que questionam o direito da nomeação de sucessor ao trono de Portugal.
  • 1610 - Galileu Galilei descobre Ganímedes, satélite de Júpiter.
  • 1689 - O Parlamento de Inglaterra depõe o rei Jaime II.
  • 1787 - O alferes Antônio José da Costa segue em viagem de desbravamento em direção a Lages cruzando o Rio Imaruí.
  • 1861 - Guerra civil americana: O Alabama separa-se da União.
  • 1866 - Naufraga no Golfo de Viscaya o barco de passageiros inglês London. Morreram afogadas 220 pessoas.
  • 1890 - Ultimato britânico de 1890: os ingleses intimam Portugal a retirar suas tropas do território compreendido entre Moçambique e Angola incluídos no conhecido Mapa cor-de-rosa.
  • 1913 - Proclamação da independência do Tibete.
  • 1916 - Os russos conquistam Erzurum, capital da Armênia turca.
  • 1918 - A Assembléia de Deus, maior denominação evangélica do mundo, é oficialmente registrada, em Belém do Pará, no Brasil.
  • 1920 - Navio francês que viajava para a África afunda perto de La Rochelle com 553 pessoas a bordo.
  • 1922 - Pela primeira vez a insulina é utilizada em humanos para o tratamento de diabetes. O paciente é um canadense de 14 anos.
  • 1929 - É implantada na URSS a jornada de trabalho de 7 horas.
  • 1934 - Nathan Homer Knorr eleito membro da Directoria da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova Iorque, Inc.
  • 1935 - Amelia Earhart é a primeira pessoa a fazer um vôo solo do Havaí à Califórnia.
  • 1942 - Durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão declara guerra à Holanda.
  • 1946 - Enver Hoxha proclama a República Popular da Albânia após a queda do rei Zog.
  • 1954 - Primeira reunião entre soviéticos e americanos sobre a proibição de armas atômicas.
  • 1957 - Chuvas torrenciais na ilha de Palma ocasionam a morte de 28 pessoas, vários feridos e grandes perdas econômicas.
  • 1959 - Forças do Vietnã do Norte invadem o Laos.
  • 1960 - Começa a construção, no Egito, da gigantesca represa de Assuã, no Rio Nilo.
  • 1962 - Inauguração do Concílio Vaticano II, que atualizou estruturas e doutrinas da Igreja Católica.
  • 1963 - A primeira discoteca do mundo foi inaugurada nos Estados Unidos. Seu nome era The Whisky-a-gogo.
  • 1964 - O Panamá corta relações diplomáticas com os Estados Unidos. As negociações entre os dois países sempre foram conturbadas por causa do uso do canal, que liga o Oceano Atlântico ao Pacífico.
  • 1966 - Começa no Rio de Janeiro uma chuva que dura 72 horas ininterruptas. A cidade fica em estado de calamidade pública e 200 pessoas morreram.
  • 1969 - Dom Gabriel, sem deixar o cargo de Bispo de Jundiaí, toma posse e governou a Diocese de Bragança Paulista até 7 de Março de 1971.
  • 1973 - Editado o novo Direito Processual Civil brasileiro.
  • 1976 - Uma junta militar composta por três homens toma o poder do presidente Guillermo Rodriguez Lara no Equador.
  • 1977 - A França causa polêmica ao libertar Abu Daoud, um palestino suspeito do massacre de atletas israelenses nas Olimpíadas de 1972.
  • 1982 - Andaluzia e Astúrias se tornam comunidades autônomas.
  • 1984 - Exibição de mísseis soviéticos SS-20, de alcance médio, na Alemanha Oriental.
  • 1984 - Salvador Dali anuncia a criação da Fundação Gala-Salvador Dali e a doação de 621 obras suas.
  • 1987 - A Europa passa por um inverno muito rigoroso. Em uma semana, o frio faz 70 vítimas, 49 delas na URSS.
  • 1989 - Um acordo assinado entre 140 países na Convenção para a Proibição de Armas Químicas acaba com esse tipo de armamento. A prática, no entanto, só passa a vigorar em 1997.
  • 1991 - Tropas soviéticas invadem prédios em Vilna, capital da Lituânia, para impedir um movimento de independência no país.
  • 1994 - Com o fim do Pacto de Varsóvia e a fusão da OTAN em reunião havida em Bruxelas, governos envolvidos criam a Associação para a Paz, que integrará os países do extinto Pacto de Varsóvia.
  • 1994 - O governo irlandês anuncia o fim da censura ao movimento terrorista IRA e seu braço político, o Sinn Fein.
  • 1996 - O parlamento japonês elege Ryutaro Hashimoto como seu novo primeiro-ministro.
  • 1996 - O primeiro-ministro da Itália, Lamberto Dini, anuncia a sua renúncia.
  • 2006 - Pesquisas adiantam que o provável substituto de Ariel Sharon, seja Ehud Olmert, do Kadima, mesmo partido fundado por Sharon.
  • 2006 - Evo Morales visita o bispo sul-africano Desmond Tutu.
  • 2006 - Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti: o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília divulga laudo no qual o general Bacellar cometera suicídio.

NASCIMENTOS
  • 1359 - Go-Kameyama, 99º imperador do Japão.
  • 1788 - William Thomas Brande, químico britânico (m. 1866)
  • 1815 - John Alexander Macdonald, Primeiro-ministro do Canadá (m. 1891)
  • 1842 - William James, filósofo e psicólogo estadunidense (m. 1910)
  • 1864 - Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, um dos primeiros homens a voar num balão (m. 1902)
  • 1890 - Oswald de Andrade, escritor modernista brasileiro (m. 1954)
  • 1905 - Manfred B. Lee, escritor norte americano (estadunidense) (m. 1971)
  • 1906 - Albert Hofmann, cientista suíço, e conhecido como o "pai" do LSD
  • 1923 - Jacqueline Maillan, actriz francesa (m. 1992) / Stanislaw Ponte Preta, escritor brasileiro (m. 1968)
  • 1924 - Roger Guillemin, endocrinologista francês
  • 1926 - Aaron Klug, lituano e Nobel da Química
  • 1934 - C.A.R. Hoare, cientista da computação britânico
  • 1934 - Jean Chrétien, advogado e 20º Primeiro-Ministro do Canadá
  • 1935 - Gerson Coutinho da Silva, radialista brasileiro (m. 1981)
  • 1942 - Joel Zwick, diretor de cinema estadunidense.
  • 1945 - António Homem Cardoso, fotógrafo, escritor português
  • 1945 - Geraldo Azevedo, compositor, cantor e violonista brasileiro
  • 1946 - Stuart Angel Jones, professor e estudante brasileiro-estadunidense (m. 1971, torturado político)
  • 1948 - Al Berto, poeta e editor português (m. 1997)
  • 1958 - Gil Jardim, músico brasileiro
  • 1960 - Stanley Tucci, ator estadunidense
  • 1964 - Patrícia Pillar, atriz brasileira
  • 1969 - Maurício Lopes, DJ brasileiro
  • 1971 - Mary J. Blige, cantora de soul/R&B norte-americana
  • 1972 - Amanda Peet, atriz estadunidense
  • 1974 - Jens Nowotny, futebolista alemão
  • 1979 - Michael Duff, futebolista irlandês
  • 1980 - Geovanni Deiberson Maurício, futebolista brasileiro do clube Sport Lisboa e Benfica
  • 1983 - Adrian Sutil, automobilista alemão
  • 1984 - Milena Toscano, atriz brasileira

FALECIMENTOS
  • 314 - Papa Melquíades, o 32º papa.
  • 705 - Papa João VI, o 85º papa.
  • 844 - Papa Gregório IV, o 102º papa.
  • 1801 - Domenico Cimarosa, compositor italiano (n. 1749)
  • 1882 - Theodor Schwann, biólogo alemão (n. 1810)
  • 1900 - José Antônio Pereira, desbravador brasileiro, fundador da cidade de Campo Grande. (n. 1825)
  • 1989 - José Luis Bustamante y Rivero, foi presidente do Peru (n. 1894).
  • 1941 - Emanuel Lasker, jogador de xadrez e matemático alemão (n. 1868)
  • 1950 - Karin Michaëlis, escritora dinamarquesa (n. 1872)
  • 1966 - Alberto Giacometti, artista plástico suíço (n. 1901)
  • 1988 - Isidor Isaac Rabi, físico estadunidense (n. 1889)
  • 1991 - Carl David Anderson, físico estadounidense (n. 1905)
  • 1996 - Ênio Silveira, sociólogo brasileiro (n. 1925)
  • 2003 - Jorge Lafond, ator, transformista e comediante brasileiro (n. 1953).
  • 2004 - Xenofón Zolótas, foi primeiro-ministro da Grécia (n. 1904).
  • 2005 - Fabrizio Meoni, motociclista de enduro italiano (n. 1957)